São infundadas as alegações que circulam nas redes de que urnas eletrônicas no Arkansas não permitiram que eleitores selecionassem o nome de Donald Trump na lista de candidatos. O Conselho Estadual de Comissários Eleitorais afirmou que a falha mostrada em vídeo foi causada por um erro do eleitor e que não há indícios de fraude.
Publicações com o conteúdo enganoso somavam 6.000 compartilhamentos no Facebook e milhares de curtidas no Instagram até a tarde desta quarta-feira (6).
(…) algumas urnas eletrônicas, em Arkansas, NÃO PERMITEM que os eleitores selecionem o nome de Trump na hora de votar! Em vez disso, quando tocam em “Trump”, Kamala Harris acaba sendo selecionada
Posts nas redes têm compartilhado um vídeo gravado em uma cabine de votação no Arkansas para alegar que as urnas eletrônicas do estado não teriam permitido votos em Donald Trump. Na gravação, uma criança tenta clicar no nome do republicano, mas a máquina seleciona o campo de votação de Kamala Harris.
O diretor do Conselho Estadual de Comissários Eleitorais do Arkansas, Chris Madison, explicou à AFP que o que ocorreu foi um erro do eleitor. Em um determinado trecho da gravação, uma parte da mão da criança parece tocar acidentalmente no nome de Kamala.
Já nas tentativas anteriores, o nome de Trump não havia sido corretamente selecionado. De acordo com o diretor do conselho eleitoral, o correto é clicar no centro do retângulo que contém o nome do candidato. No vídeo, no entanto, é selecionado o pequeno quadrado ao lado do nome de Trump, que é apenas uma representação gráfica não clicável.
Madison afirmou à imprensa americana que não foram identificados indícios de mau funcionamento das máquinas de votação, que são usadas para preencher cédulas de papel. Todo o processo (veja abaixo) pode ser revisado pelo eleitor tanto na tela do equipamento quanto na cédula impressa.
A empresa ESS, que fabrica as urnas eletrônicas, também negou à AFP que os equipamentos alterem votos. A porta-voz da empresa, Katina Granger, ressaltou que, caso errem a seleção, os eleitores podem clicar novamente no candidato desejado antes de imprimir a cédula.
Eleito presidente ainda na última terça-feira (5), Trump venceu no Arkansas com 64% dos votos. O estado rendeu seis dos 277 votos de colégios eleitorais obtidos pelo republicano até o momento.
Esta peça de desinformação também circulou nos Estados Unidos, onde foi desmentida pela AFP.
O caminho da apuração
Verificamos as explicações fornecidas à imprensa pela autoridade eleitoral do Arkansas e pela empresa que fabrica a máquina de votação vista no vídeo.
Assistimos também ao vídeo que demonstra o uso correto do equipamento de votação, cujos procedimentos diferem das ações executadas pelas pessoas que aparecem na peça de desinformação.