Não é verdade que a Samsung suspendeu um contrato publicitário no valor de US$ 1 bilhão para as Olimpíadas após a cerimônia de abertura da competição ser considerada “progressista demais” ou “lacradora”. O boato começou após uma publicação feita por um site humorístico. A empresa sul-coreana segue entre os patrocinadores oficiais das Olimpíadas.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 6.000 compartilhamentos no Facebook e 3.400 curtidas no Threads até a manhã desta terça-feira (5).
Samsung desiste da campanha publicitária de 1 bilhão de dólares com os Jogos Olímpicos
Publicações nas redes mentem ao afirmar que a Samsung teria suspendido uma campanha publicitária no valor de 1 bilhão de dólares para os Jogos Olímpicos após o evento de abertura do torneio, no último dia 26 de julho, ser considerado excessivamente progressista.
Segundo as peças enganosas, a parceria teria sido rompida porque a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris foi considerada pelos conservadores como “woke” — expressão em inglês adotada por progressistas nos Estados Unidos para se referir a si próprios, mas que ganhou conotação negativa entre conservadores, que usam o termo de modo pejorativo para se referir a esses grupos. No português brasileiro, uma correspondência possível é com a expressão “lacradora”, que também é usada por conservadores com sentido negativo.
As peças desinformativas, no entanto, são baseadas em um artigo humorístico publicado no dia 28 de julho pelo site americano Esspots. O site se define como especializado em notícias satíricas e paródias, e as marcações no artigo indicam se tratar de uma sátira.
A Samsung é descrita no site oficial do COI (Comitê Olímpico Internacional) como uma das patrocinadoras oficiais dos jogos. Não há qualquer menção a uma suspensão de contrato no site do comitê ou da companhia. Uma publicação feita pela Samsung no dia 1º de agosto, depois da cerimônia de abertura, reforça a parceria com as Olimpíadas.
A cerimônia de abertura dos jogos gerou reação de conservadores em todo o mundo, e a Justiça francesa abriu investigação sobre ameaças de morte contra os organizadores do evento.
O principal ponto de embate foi a aparição de drag queens em uma cena que, segundo os críticos, seria uma paródia ofensiva da Última Ceia de Jesus Cristo com seus apóstolos.
O diretor artístico da cerimônia de abertura, Thomas Jolly, negou que a apresentação tenha relação com a fé cristã e disse que a encenação foi inspirada em deuses do Olimpo.
O caminho da checagem
Aos Fatos pesquisou o texto utilizado nas peças enganosas e encontrou referências ao artigo publicado pelo site Esspots. No site, constatou que o artigo é um conteúdo satírico.
Em seguida, buscou nos sites da Samsung e das Olimpíadas qualquer informação sobre a quebra de contrato publicitário.