É falso que as operadoras Tim, Claro, Oi e Vivo usem o sinal via satélite da Starlink, provedora de internet do bilionário Elon Musk, como alegam peças enganosas que circulam nas redes. Essas operadoras usam tecnologia que envolve cabos, antenas e radiodifusão, não satélites.
Publicações com as informações enganosas acumulavam centenas de curtidas no Instagram até a tarde desta quarta-feira (4) e também circulam no Facebook.
Esse cara aqui só é dono do satélite que está em cima do Brasil e manda sinal para o seu celular. Tim, Claro, Oi, Vivo. Todos estão usando o satélite do Elon Musk porque essas operadoras não tem satélite no Brasil.

Não é verdade que Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), poderia interromper o acesso à internet oferecida no Brasil pelas operadoras Tim, Claro, Oi e Vivo por elas supostamente usarem o satélite da Starlink. Essas alegações falsas aparecem em posts enganosos nas redes.
Tais posts, porém, ignoram a infraestrutura de telecomunicação usada pelas empresas no Brasil. Diferentemente do que afirmam as publicações falsas, a maior parte da internet brasileira é conectada via cabos marítimos — e não via satélite.
Também não é verdade que o sinal enviado aos aparelhos celulares tenha como referência os satélites da Starlink. Como Aos Fatos já verificou, as conexões de internet móvel no Brasil usam ondas de radiofrequência emitidas por antenas, que podem se comunicar via fibra óptica, radiofrequência ou via satélite, dependendo da operadora.
Segundo a Anatel, há 52 satélites operantes no Brasil — entre modelos geoestacionários e não geoestacionários. Apenas um deles pertence a uma empresa ligada a Musk, o satélite de propriedade da Swarm Technologies, subsidiária da SpaceX adquirida em 2021 — e não da Starlink, como alegam os posts enganosos.
A Starlink opera no mercado de internet com satélites de baixa altitude — ou órbita terrestre baixa. Esse modelo está presente principalmente na região da Amazônia Legal. Diferentes dos satélites registrados pela Anatel, atuam a uma distância de aproximadamente 549 km de distância — enquanto os demais estão a ao menos 999 km da superfície terrestre.
Ainda assim, a provedora de Elon Musk não é responsável pela oferta de internet das operadoras citadas na peça desinformativa.
No último dia 30, o ministro do STF Alexandre de Moraes proibiu o X de atuar no Brasil por descumprir decisões judiciais. Isso aumentou o confronto entre Moraes e Musk e ampliou a circulação de peças mentirosas envolvendo os dois.
Somente esta semana, Aos Fatos desmentiu que todos os satélites da Anatel seriam de Elon Musk e que uma deputada americana teria criticado recentemente o magistrado brasileiro pelo bloqueio do X, o que não é verdadeiro.
O caminho da checagem
Aos Fatos buscou informações sobre o funcionamento das empresas provedoras de internet no Brasil e sobre como é estruturada a distribuição da rede. Os dados mostram que a logística das empresas brasileiras de internet não depende dos serviços da Starlink ou de outras empresas de Elon Musk.