O caminhão que foi fotografado transportando urnas eletrônicas em São Paulo no domingo (20) não é de um político filiado ao PT, como tem sido dito nas redes sociais para sugerir fraude no processo eleitoral. As postagens citam o nome de José Carlos Borges dos Santos, sócio de transportadora contratada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para fazer a retirada de urnas modelo 2009 que não funcionam mais — e que não foram usadas nas eleições deste ano. Ele é homônimo de ex-vereador petista da cidade de Casa Nova (BA).
A postagem desinformativa alcançou nesta terça-feira (22) 10 mil curtidas e centenas de compartilhamentos no Instagram, centenas de compartilhamentos no Facebook, além de circular também no WhatsApp, em que não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
Caminhão foi flagrado transportando urnas, e adivinhem quem estava transportando? Um petista. Será que tem alguma fraude dentro da fraude?
Postagens nas redes sociais enganam ao mostrar urnas eletrônicas sendo carregadas para caminhões baú no último domingo (20) como se fosse um indício de fraude nas eleições de 2022. De acordo com o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), as cenas mostram o trabalho de retirada de urnas eletrônicas obsoletas, modelo 2009, que não foram usadas neste ano e que estavam armazenadas na rua Líbero Badaró, no centro da capital paulista. Os caminhões levaram os equipamentos para Brasília, onde é feito o descarte.
Algumas das publicações compartilham a placa de um dos caminhões e dizem que o veículo é do ex-vereador do PT Zé Carlos Borges, do município baiano de Casa Nova, o que é falso. O dono do veículo, José Carlos Borges dos Santos, é homônimo do petista. Algumas postagens compartilham dados pessoais, como CPF do empresário, que não correspondem às informações do político baiano, conforme informou o TRE-SP.
O empresário mora em Brasília e é sócio da transportadora BSB Transporte Rodoviário e Logística Ltda., empresa que venceu licitação do TSE para fazer o frete das urnas a serem descartadas, conforme o tribunal informou ao Aos Fatos. Ao contrário do que a publicação sugere, portanto, não há indício de fraude eleitoral na cena que circula nas redes sociais, nem ligação do PT na ação.
O ex-vereador, que não conseguiu se reeleger em 2020, afirmou em seu blog que não tem relação com o descarte das urnas. “Não tenho transportadora, não sou sócio de nenhuma empresa, a parte que aparece do CPF no documento não é o meu”, escreveu em referência às peças desinformativas.
Equipamentos obsoletos. De acordo com o TRE-SP, 24.445 urnas fora de atividade deverão ser descartadas neste mês, o que está programado para acontecer em três datas: 13, 20 e 27 de novembro. Após serem recolhidos e levados para Brasília, esses equipamentos são desmontados e têm seus componentes descaracterizados — são moídos ou quebrados em pequenas partes. Depois, os materiais são separados por tipo e enviados a empresas de reciclagem.
Segundo o TSE, o processo de descarte é auditado no local por servidores do tribunal e acontece de acordo com a legislação ambiental, a partir de um processo licitatório, no qual a empresa vencedora assume o compromisso de seguir um protocolo de segurança.
O TRE-SP informou que “o descarte dessas urnas, que não foram utilizadas nestas eleições, somente foi possível em razão do recebimento pelo TRE de 44.880 urnas novas, modelo 2020”.
Outras publicações enganosas envolvendo o transporte de urnas obsoletas também foram desmentidas pelo Metrópoles e pelo Estadão Verifica.