🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que MMS cura autismo e câncer

Por Luiz Fernando Menezes

11 de maio de 2023, 15h57

Não é verdade que o MMS, uma solução de dióxido de cloro, seja capaz de “curar o autismo” ou qualquer tipo de câncer, como afirmam publicações nas redes. O produto não possui eficácia comprovada contra qualquer doença ou condição e é proibido em diversos países, inclusive no Brasil, porque pode causar problemas de saúde. Até o momento, não existe nenhum tratamento que elimine todos os tipos de câncer. Também não é possível falar em cura do autismo, já que não se trata de uma doença, mas sim de um transtorno.

Essas alegações mentirosas circulam nas redes em um vídeo viral que acumula cerca de 30 mil curtidas no Instagram e já foi visualizado milhares de vezes no Kwai e no TikTok.


Selo falso

Foi experimentar, começou a curar câncer. E pra autismo? Aí começou a curar autismo. Aí começou a pipocar, chama MMS o processo. Miracle Mineral Solution. Começou a curar tudo. Claro que o Brasil proibiu, né?

 Homem mente em vídeo ao dizer que MMS cura autismo, câncer e outras doenças

São mentirosas as publicações que circulam nas redes e afirmam que uma substância conhecida como MMS (sigla em inglês para “solução mineral milagrosa”) seria capaz de “curar o autismo” e qualquer tipo de câncer. Diferentemente do que afirma o autor do vídeo:

  • O MMS, além de não ter eficácia comprovada, pode ser danoso à saúde;
  • Não existe “cura” para o autismo, que não é considerado uma doença, e sim um transtorno;
  • Não há nenhuma terapia ou medicamento que consiga tratar todos os tipos de câncer.

O MMS começou a ser propagandeado em 2006 por um americano chamado Jim Humble, fundador da igreja Gênesis II Igreja da Saúde e da Cura. A substância é uma mistura de clorito de sódio e ácido clorídrico que, juntos, formam dióxido de cloro.

Além de não possuir evidência científica para qualquer tipo de tratamento, a solução pode causar náusea, vômitos, diarreia e até desidratação severa. A FDA (Food and Drug Administration, órgão de vigilância sanitária americano), que alerta sobre os perigos do uso do MMS ao menos desde 2010, afirma que o produto pode colocar inclusive a vida do paciente em risco, a depender da quantidade ingerida.

No Brasil, a venda, a fabricação e o uso do MMS são proibidos desde 2018. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a solução é classificada como um “produto corrosivo” e não possui qualquer comprovação de segurança para uso em humanos.

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Autismo. O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um grupo de condições que têm como características centrais a dificuldade na comunicação social, os comportamentos repetitivos e as estereotipias. Diferentemente do que sugere o homem do vídeo, o autismo não é considerado uma doença, e, portanto, não se pode falar em cura.

É importante ressaltar também que o autismo possui diversos graus: enquanto algumas pessoas diagnosticadas com o transtorno vivem de maneira independente, outras necessitam de cuidados especiais e apoio. Existem terapias para estimular as crianças diagnosticadas com TEA e permitir um desenvolvimento que garanta independência e qualidade de vida no futuro.

Câncer. Também não há nenhum medicamento ou terapia capaz de curar todo e qualquer tipo de câncer. A doença, que é causada por mutações das células, pode atingir diferentes órgãos do corpo humano e possui gravidades diferentes a depender da agressividade do tumor e do estágio em que ele foi diagnosticado.

O tratamento, portanto, varia de caso a caso e pode englobar cirurgias para a remoção do tumor, quimioterapia, radioterapia, transplantes e outras terapias. Autoridades de saúde lembram que as chances de cura aumentam com o diagnóstico precoce da doença.

A Reuters também desmentiu a peça de desinformação.

Referências:

1. ABC7
2. FDA
3. DOU
4. Ministério da Saúde (1 e 2)
5. Autismo e Realidade
6. Oncoguia.org (1 e 2)

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