Não é verdade que um único mesário “ativou” 5.000 urnas em quatro dias nas cidades paulistas de Campinas e Guarujá, como afirmam postagens. Em nota, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) descartou a possibilidade da fraude, já que os mesários só têm acesso às urnas eletrônicas no dia da eleição. Os voluntários são responsáveis por ligar, fazer o teste de teclas e imprimir a zerésima. Além disso, apenas 3.177 urnas foram usadas neste ano nas duas cidades, sendo 2.495 em Campinas e 682 no Guarujá.
Até esta segunda-feira (12), a publicação acumulava 192 mil visualizações e 9.600 compartilhamentos no Facebook, além de centenas de compartilhamentos no Instagram. Também circula no Kwai com centenas de compartilhamentos que somam mais de 50 mil visualizações.
1 pessoa ativou 5.000 urnas em 4 dias
Um trecho de entrevista concedida pelo influenciador argentino Fernando Cerimedo, autor de um relatório calcado em desinformações para atacar as urnas eletrônicas usadas no Brasil, passou a circular no fim de semana nas redes sociais com a informação falsa de que um único mesário ativou 5.000 urnas em quatro dias, nas cidades de Campinas e Guarujá.
Em nota enviada ao Aos Fatos, o TRE-SP afastou a possibilidade da suposta fraude, ao elencar que:
- a urna eletrônica não precisa ser “ativada” em momento algum: elas são enviadas aos locais de votação na véspera, com todos os programas instalados e lacradas por servidores da Justiça Eleitoral;
- os mesários só têm contato com a urna no dia da votação, portanto não procede a alegação de que o mesário “ativou” essas urnas ao longo de “quatro dias”;
- a presença dos mesários é registrada no terminal do eleitor, no qual também são identificados os eleitores, de forma presencial;
- não há como ligar a urna de maneira remota;
- para as duas cidades mencionadas, foram destinadas 3.177 urnas, número inferior às 5.000 citadas no vídeo.
Segundo o TRE-SP, nenhum mesário tem acesso às urnas eletrônicas antes do dia da votação. Na data, os chefes de seção são encarregados de ligar a urna na tomada, apertar o botão de ligar, fazer o teste de teclado de urna e imprimir a zerésima (documento que comprova que não há nenhum voto já computado na urna).
Os mesários também são responsáveis por conferir na tela do equipamento informações como município, zona, seção, seção agregada (se for o caso), data e hora, e se a urna está funcionando com energia elétrica.
Vale lembrar que o processo de instalação dos software — já lacrados pela Justiça Eleitoral — é feito pelos estados em cerimônia pública, que conta com a presença do juiz eleitoral, de um representante do Ministério Público eleitoral e de instituições como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e partidos políticos.
Depois dessa etapa, as urnas são armazenadas em local designado pelos TREs para, às vésperas da eleição, serem transportadas para os locais de votação. Qualquer tentativa de uso antes do pleito é impedida pelo sistema de segurança dos equipamentos.
A entrevista que circula nas redes foi concedida pelo influenciador argentino para o perfil zap.bolsonaro, mas a versão original foi retirada do YouTube. Outros links e cortes, contudo, continuam circulando nas redes sociais.