Publicações nas redes identificam de maneira falsa um integrante do MST (Movimento Sem Terra) como se ele fosse o invasor que destruiu um relógio do século 17 trazido ao Brasil por dom João 6º, no Palácio do Planalto, durante os ataques golpistas em Brasília. O movimento social afirmou que o membro do grupo não estava na capital federal em 8 de janeiro, data dos atos golpistas. Além disso, o homem possui características faciais diferentes da pessoa que foi filmada destruindo o objeto histórico, identificada por testemunhas ouvidas pelo jornal O Globo como Antônio Cláudio Alves Ferreira, mecânico da cidade de Catalão (GO) .
Posts com a atribuição enganosa acumulavam 85 mil compartilhamentos no Facebook e 120 mil curtidas no Instagram nesta quinta-feira (19), e circulam também no Twitter, no Telegram e no WhatsApp, plataformas em que não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
A foto de um integrante do MST tem sido comparada de maneira enganosa com a imagem, registrada por câmeras de segurança, do invasor que destruiu um relógio do século 17 no Palácio do Planalto durante os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. O MST informou ao Aos Fatos que o integrante do grupo não estava na capital federal no dia dos ataques e que ele mora com familiares em um acampamento no Paraná. O criminoso que destruiu o relógio foi apontado por testemunhas ouvidas pelo jornal O Globo como Antônio Cláudio Alves Ferreira, mecânico da cidade de Catalão (GO).
O Aos Fatos localizou a filmagem original de onde foi extraída a imagem do integrante do MST. Nela, o homem é identificado como Danilo e aparece com membros do MPM (Movimento Popular por Moradia) do Paraná. O registro foi publicado em uma conta do Instagram no dia 3 de janeiro e retrata a viagem do movimento social à Brasília para a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 1º de janeiro, o que foi confirmado pelo MST. O Aos Fatos tentou contato com o autor da publicação no Instagram e com o MPM, mas não teve retorno.
Danilo também possui características faciais que o diferenciam do homem que destruiu a relíquia. O integrante do MST possui, por exemplo, as sobrancelhas mais arqueadas e volumosas, o dorso do nariz mais largo, além de bolsas de gordura embaixo dos olhos, ao contrário do homem que aparece nas imagens de uma câmera de segurança do Palácio do Planalto, reveladas pela Globo, quebrando o objeto histórico.
A PF segue tentando identificar o vândalo, segundo o UOL. Procurado pelo Aos Fatos, o órgão disse que não se manifesta sobre investigações em andamento e que não divulga nomes de eventuais envolvidos ou mesmo presos. O Ministério da Justiça e Segurança Pública criou o email denuncia@mj.gov.br para receber informações sobre a identidade do homem ou de outras pessoas que participaram dos ataques.
Em checagem anterior, o Aos Fatos mostrou que o relógio quebrado estava parado há anos e que o horário marcado não prova a tese de que “infiltrados” teriam participado dos ataques. Além disso, um vídeo em que um homem aparece quebrando vidraças também foi falsamente associado a um integrante do MST chamado Hugo.