É falso que Lula propôs venda de alimentos fora da validade para reduzir preços

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Não é verdade que o governo Lula propôs a venda de alimentos fora da validade ou estragados, como alegam publicações nas redes sociais. A sugestão para mudar a data de validade dos alimentos foi feita pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e descartada pelo governo federal.

As publicações enganosas acumulavam milhares de curtidas no TikTok até a tarde desta quinta-feira (23)

Lula encontrou uma forma de deixar a comida mais barata mudando a data de validade

Posts enganam ao afirmar que partiu do governo Lula a sugestão de alterar a data de validade dos alimentos para baratear o preço, o que não é verdade

Posts mentem ao fazer crer que o governo Lula propôs vender produtos fora da validade como medida para baratear alimentos. A sugestão foi feita na quarta-feira (22) pela Abras. Em nota ao Aos Fatos, a Casa Civil afirmou que a sugestão de flexibilizar a data de validade dos produtos nunca esteve em avaliação no governo e não há possibilidade de que essa proposta venha a ser adotada.

“Conforme reforçou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, nessa quarta-feira (22), essa solução não faz parte da prática do Brasil e não está no cenário. O fato de a demanda ter sido eventualmente apresentada pela Abras não significa que a mesma será considerada pelo governo”, informou a pasta.

A Abras propôs a adoção da prática “best before” (“melhor antes”, em tradução livre), que permitiria a venda de alimentos não perecíveis, biscoitos e massas fora da validade por um preço reduzido. No rótulo, em vez da indicação “Válido até a data X”, seria inserida a frase “Melhor consumir até a data X”.

Essa não é a primeira vez que a adoção do “best before” foi sugerida ao governo federal. Em 2021, por exemplo, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), a mesma prática foi proposta pela Abia (Associação Brasileira de Indústria de Alimentos) em um evento que contou com a participação da Abras e dos então ministros da Agricultura, Tereza Cristina, da Economia, Paulo Guedes, e da Cidadania, João Roma.

Na ocasião, Tereza Cristina disse que o governo iria criar um grupo para avaliar o tema e deu um prazo de 15 dias para a apresentação de uma proposta. A ideia, no entanto, não vingou.

Em 2023, já no governo Lula, a Abras pediu ao Senado que avaliasse um projeto para alterar o sistema de data de validade dos produtos, com a adoção do “best before”, o que também não teve seguimento.

Origem. A desinformação que circula nas redes sociais teve origem em diferentes declarações dadas pelo ministro Rui Costa na quarta-feira.

  • Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, do CanalGov, veículo institucional do governo federal, Costa afirmou que o governo iria fazer reuniões ministeriais para buscar um conjunto de intervenções para baratear os alimentos;
  • Posteriormente, a Abras emitiu uma nota para reafirmar a disposição em colaborar com o governo, e propôs medidas para o barateamento de alimentos, como a adoção do “best before”;
  • Em entrevista à CNN Brasil, na noite de quarta (22), Costa se corrigiu e disse que não haverá “intervenções”, e sim “medidas” — sem detalhar quais — para baixar os preços dos alimentos;
  • Costa disse ainda que não havia possibilidade de alteração na data de validade dos alimentos. A discussão seria válida apenas para produtos que não são para consumo humano, como materiais de limpeza.

Algumas das peças checadas enganam ao difundir um trecho editado do programa Estúdio i, da GloboNews, exibido na quarta-feira (22), em que é informado que o governo avaliava medidas para baratear o preço dos alimentos, sendo uma delas a “best before”. No trecho original, no entanto, é mencionado que a proposta partiu do setor varejista, não do governo.

O caminho da apuração

Aos Fatos teve acesso às entrevistas concedidas pelo ministro Rui Costa, assim como a nota da Abras. Verificamos que a proposta partiu da associação, não do governo, que até o momento não estabeleceu quaisquer medidas visando a redução do custo dos alimentos.

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