Não é verdade que o ex-presidente e candidato do PT ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu extinguir o Auxílio Brasil e limitar o recebimento de benefícios de renda mínima a famílias com mais de duas pessoas, como afirma um vídeo que circula nas redes sociais (veja aqui). A publicação distorce uma entrevista concedida pelo petista em agosto, em que ele diz que pretende “restabelecer as condicionantes” do programa para priorizar o pagamento a mulheres. Lula afirmou que pretende retomar o nome Bolsa Família, mas pretende estabelecer o valor em R$ 600.
O vídeo enganoso conta com ao menos 18 mil compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quinta-feira (6) e também circula no WhatsApp, no qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
Ele [Lula] já tá dizendo que que vai fazer com o Auxílio Brasil de R$ 600 que o presidente deu pra você. Lembra quando você ganhava R$ 80, que era moeda de troca? Ele te dava R$ 80, tá? É uma esmola que mal dava pra comprar arroz e feijão. Hoje, você ganha R$ 600, meu amigão. Tem gente que ganha R$ 1.200, né? Que tem filhos tal, R$ 1.200. O que que ele vai fazer? Ele vai extinguir. Ele falou na entrevista que o auxílio Brasil vai voltar a ser Bolsa Família (...).
Um vídeo que circula nas redes sociais distorce uma fala do ex-presidente e candidato do PT ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, para dizer que ele pretende extinguir o Auxílio Brasil de R$ 600 e estabelecer um novo Bolsa Família que pagaria apenas R$ 80 aos beneficiários, deixando de lado pessoas que moram sozinhas. O homem distorce uma reportagem publicada pela revista Veja com base em uma entrevista concedida por Lula em 22 de agosto, na qual o ex-presidente propõe “restabelecer as condicionantes” do programa para priorizar mulheres.
Confira a fala na íntegra:
"É preciso que a gente recadastre as pessoas, é preciso que a gente repactue as condicionantes para que a gente possa garantir o Bolsa Família. Eu tive o prazer de criar o Bolsa Família e tive o prazer de ver muita gente se afastando do Bolsa Família quando arrumava emprego. Na hora que a economia começa a melhorar, na hora que as pessoas começam a trabalhar espontaneamente, as pessoas se afastam do Bolsa Família. Há muita seriedade no comportamento do povo brasileiro. O que nós queremos é restabelecer as condicionantes. Sabe, não é o Auxílio Brasil que vai pra qualquer um não, a condicionante vai ser preferencialmente para as mulheres. As crianças vão ter que estar na escola, as crianças vão ter que tomar vacina, a mulher gestante vai ter que fazer o exame e o cartão será no nome da mulher para que a gente tenha certeza, sabe? De que ela vai cuidar dos filhos. E a gente vai colocar num crescendo. A gente vai colocar num crescendo porque nós queremos garantir que as pessoas nesse país não passem mais fome. Sobretudo uma mãe que muitas vezes é solo para cuidar da família".
Lula não disse, portanto, que iria diminuir o valor repassado pelo programa ou negá-lo a adultos que moram sozinhos. Ele apenas disse que, em um eventual governo petista, o auxílio seria entregue, preferencialmente, às mulheres da família. O petista omite, no entanto, que essa regra já existe: o Cadastro Único de famílias, que permite o recebimento do auxílio, é feito, preferencialmente, no nome da mulher.
É verdade que Lula prometeu a troca de nome do programa para Bolsa Família, mas não falou em reduzi-lo a R$ 80. Ele afirmou que pretende mantê-lo em R$ 600 mensais e entregar um adicional de R$ 150 para famílias com crianças de até seis anos de idade. O valor de R$ 80 citado é próximo à cifra inicial de pagamento do Bolsa Família, de R$ 73, mas ao final dos governos petistas, em abril de 2015, o benefício médio já era de R$ 160, segundo o Ministério da Cidadania.
Atualmente, uma pessoa que mora sozinha só pode receber o Auxílio Brasil se a renda for menor do que R$ 105 mensais. Famílias com crianças e adolescentes, por outro lado, podem receber o benefício se a renda per capita for menor do que R$ 210. Também é falso que algumas famílias recebem R$ 1.200: esse valor do Auxílio Emergencial era pago a mães solo durante a pandemia de Covid-19. A lei em vigor não prevê o pagamento do dobro do auxílio para essa parcela da população. Há um projeto que tramita na Câmara para mudar essa regra, mas ainda não foi votado em plenário.
O vídeo foi publicado originalmente por Dennys Brasil no Kwai, no qual foi visualizado por cerca de 2.000 usuários. A gravação, no entanto, passou a circular em outras redes, acumulando 18 mil compartilhamentos só no Facebook. Contatado pelo Aos Fatos por meio de mensagem no Kwai, Dennys não respondeu.
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