É falso que Lula forjou acidente doméstico para não viajar a evento dos Brics

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Não há provas de que o presidente Lula forjou a própria queda para não ir à cúpula dos Brics, na Rússia. Posts nas redes compartilham a declaração enganosa do procurador-geral venezuelano Tarek William Saab com esse teor – mas omitem que documentos hospitalares atestam o acidente doméstico de Lula, que o presidente brasileiro participou do evento por videoconferência e enviou representante à Rússia.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam milhares de curtidas no Instagram e de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (29).

Lula manipulou o acidente para não ter que ir à cúpula dos Brics, na Rússia

Posts compartilham declaração do procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, para alegar que Lula forjou próprio acidente para não ir à cúpula do Brics

Posts nas redes têm compartilhado uma declaração enganosa do procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, para sustentar que Lula teria forjado um acidente doméstico para não comparecer à 16ª Cúpula dos Brics, que ocorreu entre 22 e 24 de outubro na Rússia.

As peças de desinformação omitem que o presidente discursou no evento por videoconferência e enviou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para representar o país presencialmente.

Dias antes da cúpula, em 19 de outubro, Lula escorregou no banheiro e bateu a parte de trás da cabeça. O presidente foi levado ao hospital Sírio-Libanês, em Brasília, que emitiu um boletim confirmando o atendimento. Consta no documento a orientação para que o chefe do Executivo não realizasse viagens de longa distância.

De acordo com o médico Roberto Kalil Filho, foi preciso submeter Lula a exames de imagem e suturar o ferimento. Registros publicados na imprensa na última sexta-feira (25) mostram o corte na nuca do presidente (veja abaixo).

Lula, homem branco com cabelo grisalho, aparece de costas; na parte posterior de sua cabeça há um corte suturado
Por conta de acidente, Lula cancelou ida à Rússia e não participou da votação no segundo turno das eleições brasileiras (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Veto à Venezuela. A alegação do procurador-geral da Venezuela foi feita em um contexto de tensão política com o Brasil. O país comandado por Nicolás Maduro teve sua entrada nos Brics vetada por decisão que contou com o apoio do governo Lula.

O ditador venezuelano Nicolás Maduro também criticou o governo brasileiro e acusou o Itamaraty de estar vinculado aos Estados Unidos. Maduro pediu a Lula que explicasse o motivo da decisão.

O caminho da apuração:

Aos Fatos verificou que o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, não apresentou quaisquer provas que pudessem atestar que Lula forjou o próprio acidente doméstico.

Encontramos declarações do médico de Lula à imprensa e um boletim do hospital Sírio-Libanês que comprova que o presidente foi atendido em Brasília em 19 de outubro. Também recorremos a fotos publicadas na imprensa que mostram o ferimento na nuca do petista.

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