É falso que uma lista de nomes que circula nas redes seja de crianças sem os responsáveis abrigadas na Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), principal abrigo emergencial em Canoas. A lista, na realidade, é de pessoas desabrigadas alojadas em uma igreja em outro município gaúcho. O Ministério Público do Rio Grande do Sul confirma nove casos em que crianças ficaram momentaneamente desacompanhadas de pais ou responsáveis e diz que providências necessárias já foram tomadas.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 5.000 compartilhamentos no Facebook e 1.700 curtidas no Instagram até a tarde deste sábado (11).
Posts nas redes enganam ao difundir uma lista contendo 53 nomes como se fossem de crianças desacompanhadas dos pais e que estão abrigadas na Ulbra de Canoas — local que concentra o maior número de desabrigados no município gaúcho.
A lista, na realidade, tem 78 nomes, sendo 64 de adultos, e apresenta um cadastro de pessoas desabrigadas que estavam alojadas na Igreja Evangélica Seara, no município gaúcho de Cachoeirinha, até o dia 4 de maio deste ano.
Na segunda (6), o promotor de Justiça João Paulo Fontoura de Medeiros gravou um vídeo em frente à Ulbra e afirmou que não havia crianças desacompanhadas no local: “Eu próprio encaminhei ofício a todos esses locais [locais de abrigamento de Canoas] para que, verificando a presença de qualquer criança desacompanhada, encaminhe essa criança aqui para o prédio da Ulbra, para que se possa ter ela numa sala que conta com médico, assistente social, psicólogo e toda uma equipe formada, inclusive, Conselho Tutelar, que possa acompanhar essas crianças”.
Questionado sobre o número atual de crianças que já se reencontraram com os pais ou que estão possivelmente perdidas, o Ministério Público gaúcho disse ao Aos Fatos que uma força-tarefa composta por mais de 150 membros do órgão está realizando neste sábado visitas presenciais para verificar a situação de cada abrigo e suas necessidades.
Em declaração ao site GZH, na terça-feira (7), Medeiros afirmou que nove menores de idade ficaram momentaneamente sem familiares durante o trabalho de resgate: oito já estavam com os pais e uma adolescente foi levada para uma casa de acolhimento.
Já em reportagem publicada neste sábado (11), no Globo, o promotor afirmou que as autoridades receberam nos últimos dias pedidos de informações para 339 menores de idade, sendo que 264 crianças já tinham sido entregues aos pais. Os demais casos não significavam que as crianças estivessem perdidas, tampouco abrigadas na Ulbra, uma vez que, em algumas ocorrências, os familiares encontravam os filhos e não comunicavam às autoridades.
O promotor disse ainda que a disseminação de notícias falsas que faziam crer que havia um grande número de crianças perdidas na Ulbra atrapalhou o fluxo de trabalho da promotoria. “Começaram a vir no abrigo influenciadores tentando arrombar a porta para levar as crianças, que nem sequer existiam. Tivemos que mostrar a sala vazia para convencê-los”, completou Medeiros.