É falso que Jean Wyllys disse que banirá a Bíblia ao voltar para o Brasil

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Não é verdade que o ex-deputado federal Jean Wyllys (PT-RJ) tenha dito que banirá a Bíblia em todo o território nacional ao voltar para o Brasil, como afirmam publicações nas redes. Não há qualquer registro público na imprensa, nem nos perfis de Wyllys, de que ele tenha dado essa declaração.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de compartilhamentos no Facebook e curtidas no Instagram nesta quarta-feira (12). As peças enganosas circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).


Selo falso

Sim, estou voltando! Nossa primeira pauta, será mudar o conceito de laicidade no nosso país. Chega de dar poder a pastores, padres e diversos crentes para usar a bíblia para ofender e criminalizar práticas naturais como uso de maconha , e relações homoafetivas. Só há um jeito, banir a bíblia em todo território nacional [Jean Wyllys]

Publicações nas redes enganam ao fazer crer que Jean Wyllys declarou que mudará o conceito de laicidade e banirá a Bíblia em todo o território nacional ao voltar para o Brasil. O Aos Fatos não encontrou qualquer registro público na imprensa nem nas redes sociais do ex-parlamentar de que ele tenha feito essa afirmação.

A falsa declaração difundida pelas peças checadas circula desde novembro do ano passado e já foi desmentida pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela Agência Lupa, para o qual o ex-parlamentar classificou a alegação como mentira e disse se tratar de uma estratégia da extrema-direita para criar pânico moral em novembro de 2022.

As últimas duas vezes que Wyllys usou a palavra “banir” no Twitter foram em março de 2023, quando se referiu a moderação de conteúdo em redes sociais, e maio de 2021, ao afirmar que o país precisava juntar forças para banir o fascismo no Brasil. O próprio Wyllys desmentiu publicações que alegavam que ele teria dito que a Bíblia era uma piada e que havia proposto alterações no livro sagrado para os cristãos, em 2015 e 2018.

Wyllys voltou ao Brasil em 30 de junho de 2023 após quatro anos no exterior. Em 2019, o político abriu mão de seu mandato e deixou Brasília ao alegar que sofreu ameaças de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde seu retorno ao país, o ex-deputado discursou na Parada LGBT+ de Brasília e teve encontros com políticos, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta.

Em checagem anterior, o Aos Fatos verificou ser falso que Wyllys seria ministro da Educação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-parlamentar tampouco foi intimado para depor sobre Adélio Bispo, homem que esfaqueou o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, em setembro de 2018.

Laicidade. O Brasil é um Estado laico e a liberdade religiosa é prevista pelo artigo 5º, incisos VI, VII e VIII, da Constituição Federal, promulgada em 1988, onde é estipulado ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias. Como se trata de uma cláusula pétrea do texto constitucional, não pode ser suprimido pelos parlamentares.

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