Diferentemente do que afirmam publicações nas redes sociais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não afirmou à imprensa que o plano do governo Lula é “taxar tudo”. As peças de desinformação substituíram o áudio original, em que o ministro não cita a criação de quaisquer taxas, por uma dublagem falsa criada com inteligência artificial.
As peças enganosas somavam 15 mil curtidas no Instagram e centenas de visualizações no Kwai até a tarde desta sexta-feira (10).
Nosso plano é taxar tudo, tudo, tudo. Esse ano, teremos imposto do cachorrinho de estimação. Se ele é da família, temos que arrecadar sobre ele também. É justo. Imposto pré-natal: ficou grávida, já tem que começar a pagar imposto pro hospital. Imposto das bets: se perder, o prejuízo é seu, se ganhar, o lucro é nosso. Mas é tudo pro bem do nosso povo, o brasileiro gosta de um imposto novo. Também né, todo mundo sabe imposto e Big Brother é a nossa paixão

Uma entrevista falsa em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, supostamente diz que o plano do governo é “taxar tudo” foi manipulada por meio de IA. No vídeo enganoso, o ministro cita, por exemplo, a criação de impostos sobre cães de estimação, boato que já foi desmentido pelo Aos Fatos, e para grávidas, o que também não procede.
Na declaração original feita à imprensa na segunda-feira (6), Haddad não citou a criação de quaisquer taxas ou impostos. Na ocasião, o ministro negou a possibilidade de o governo federal elevar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para segurar a alta do dólar.
Na quinta-feira (9), Haddad publicou um vídeo em suas redes sociais desmentindo o teor da gravação manipulada por IA.
“A única coisa verdadeira desse vídeo que está circulando é que, de fato, as empresas, os cassinos virtuais, chamadas bets, que são casas de apostas que lucram uma montanha de dinheiro, essas casas de apostas vão ter que pagar impostos devidos como qualquer outra empresa instalada no Brasil. Fora isso, é tudo falso”, disse o ministro.
Ainda na quinta-feira, a AGU (Advocacia-Geral da União) notificou o Facebook para que a plataforma removesse o conteúdo adulterado.
“A análise do material evidencia a falsidade das informações por meio de cortes bruscos, alterações perceptíveis na movimentação labial e discrepâncias no timbre de voz, típicas de conteúdos forjados com o uso de inteligência artificial generativa”, afirmou a AGU.
O caminho da apuração
Aos Fatos fez uma busca reversa por imagem e assistiu ao vídeo original da entrevista. Verificou que o ministro não citou a criação de quaisquer taxas ou impostos. Consultamos também notas do governo federal e da AGU, além de assistirmos ao vídeo publicado pelo próprio ministro desmentindo o assunto.