Não é verdade que o governo Lula propôs banir o WhatsApp do país. As peças de desinformação descontextualizam uma declaração de Ricardo Capelli, presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), que manifestou a intenção de substituir o serviço de mensagens por um aplicativo nacional apenas para comunicação interna entre os membros de sua agência.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de curtidas no Instagram e de compartilhamentos no X (ex-Twitter), até a tarde desta terça-feira (20).
Governo Lula Propõe Banir WhatsApp por Segurança
Posts nas redes distorcem uma informação publicada pela Folha de S.Paulo para alegar que o governo Lula quer banir o WhatsApp do país por motivos de segurança. A reportagem repercute uma declaração de Ricardo Capelli de que planeja substituir o aplicativo de mensagens por um serviço nacional apenas para a comunicação interna entre funcionários da ABDI.
O texto da Folha informa que Capelli decidiu fazer uma licitação para contratar empresas nacionais que prestem serviços similares ao do WhatsApp para evitar vazamentos de informações. O presidente da ABDI citou como exemplo as mensagens trocadas por auxiliares de Moraes obtidas pela Folha.
Em post no X, Capelli negou que o governo estuda proibir o WhatsApp para a população em geral. “O que faremos é proteger as informações da nossa agência, comunicação corporativa. Alguém acha que o governo alemão ou francês se comunica pelo WhatsApp? Não queremos banir ninguém, apenas proteger a nossa soberania”.
O presidente da ABDI também usou suas redes para reclamar da manchete usada pela Folha para abordar o assunto, que dizia: “Contra vazamentos e roubo de dados, agência do governo quer banir WhatsApp”. Após a crítica, o jornal alterou o título.
As peças de desinformação também omitem que, ainda que quisesse, a ABDI não tem competência legal para banir o WhatsApp no país. A agência, que é uma entidade privada com autonomia administrativa e que possui um contrato de gestão com o governo, tem como papel formular e executar ações que contribuam para o desenvolvimento do setor produtivo nacional.
Críticas. Essa não é a primeira vez que Capelli critica o uso de aplicativo estrangeiros de mensagens por órgãos do governo. No último dia 14, ele disse não ser “razoável que altas autoridades da República ainda se comuniquem através de um aplicativo de mensagens proprietário de uma empresa estrangeira que representa interesses estratégicos estranhos ao interesse nacional”.
Em abril de 2023, quando ocupava o cargo de ministro interino do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Capelli também afirmou que o WhatsApp não era o meio adequado para os informes de inteligência.
O caminho da checagem:
Aos Fatos analisou as declarações dadas por Ricardo Capelli à Folha de S.Paulo e constatou que sua proposta é usar um aplicativo de mensagens nacional apenas para comunicação interna da agência que preside, e não proibir o uso do WhatsApp para o público em geral.
Para reforçar o posicionamento do presidente da ABDI, procuramos também em suas redes e na imprensa por declarações antigas que fizessem menção ao uso do WhatsApp pelo poder público.