É falso que Fernanda Torres minimizou mortes por Covid-19 em artigo publicado em 2020

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É falso que a atriz Fernanda Torres minimizou as mortes causadas pela Covid-19 e pediu que o coronavírus cumprisse “sua missão de abreviar o governo” de Jair Bolsonaro (PL), como alegam posts nas redes. As publicações distorcem um artigo de março de 2020 em que a artista critica a postura negacionista do ex-presidente. Não há no texto qualquer alusão à frase usada pelas peças de desinformação.

Posts com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de curtidas no Instagram e de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta sexta-feira (22). As peças falsas ainda circulam no Threads e no Whatsapp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).

Dane-se o povo e os cadáveres, se o vírus cumprir 'sua missão’ de 'abreviar' o governo, tudo está bem. Fernanda Torres.

Post engana ao atribuir à atriz Fernanda Torres uma frase falsa que minimiza mortes causadas pela Covid-19

Publicações nas redes atribuem falsamente a Fernanda Torres uma frase que minimiza as mortes causadas pela Covid-19 e pede que o vírus cumpra “sua missão de abreviar o governo” Bolsonaro. As peças de desinformação distorcem um artigo de 2020 em que a atriz critica o ex-presidente e o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal.

No artigo “Ninguém sairá o mesmo desta quarentena”, publicado em 22 de março daquele ano, Fernanda faz um paralelo entre o surto de peste bubônica ocorrido na Idade Média e a pandemia do coronavírus. A atriz compara então os posicionamentos de autoridades nos dois momentos para criticar as tentativas de Bolsonaro e Macedo de diminuir a gravidade da doença.

Em nenhum momento do texto, a atriz faz alusão ao argumento destacado pelas peças de desinformação. Ela defende, na verdade, o fim de posições negacionistas em relação à doença, que classifica como o “obscurantismo medieval travestido de liberal”.

A peça de desinformação circulou originalmente em 2020 e levou Torres a publicar um novo texto na Folha. “Continuo na esperança de que esse horror una o planeta, fortaleça o valor da ciência, da imprensa, da razão, da boa política e da compaixão, enquanto aguardo um milagre que combata tanto a peste, quanto a funesta cultura do ódio”, escreveu.

A frase enganosa voltou a viralizar nas redes recentemente em meio a uma campanha promovida por perfis de direita para boicotar o filme “Ainda estou aqui”, protagonizado por Fernanda e Selton Mello e dirigido por Walter Salles.

Baseado no livro homônimo, o longa conta a história da família Paiva, perseguida durante a ditadura militar. O filme foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar.

Publicações similares foram desmentidas pelo Estadão Verifica e pelo Boatos.org

O caminho da checagem

Aos Fatos fez uma busca por declarações da atriz Fernanda Torres em relação à pandemia de Covid-19 e identificou um artigo publicado pela artista na Folha de S.Paulo em março de 2020. Não há no texto nenhuma menção ao argumento citado pelos posts desinformativos.

Referências

  1. Folha de S.Paulo (1, 2, 3 e 4)
  2. Terra
  3. CNN Brasil
  4. g1 (1 e 2)

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