Diferentemente do que tem sido difundido de modo enganoso nas redes sociais, não é verdade que a totalização de votos nas eleições brasileiras seja secreta e que não seja possível a recontagem de votos. A apuração é pública e acompanhada por partidos e entidades fiscalizadoras, e as urnas eletrônicas têm recursos que permitem a auditoria dos votos.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de visualizações no Threads até a tarde desta segunda-feira (7).
Em 2026 vocês verão a mágica hahaha. Se não dá pra fazer recontagem de votos com os candidatos e a população podendo auditar, já é fraude. Em nenhum lugar do mundo a contagem de votos é secreta e sem possibilidade de recontagem. Só em ditadura que é assim.

Posts enganam ao afirmar que a apuração das eleições brasileiras é secreta e que não é possível a recontagem de votos. Tudo isso é falso.
Na véspera da eleição, a Justiça Eleitoral, em cerimônia pública, sorteia seções eleitorais que serão submetidas a auditorias. O número de urnas a ser analisado varia dependendo do estado. Em seguida, os equipamentos sorteados são retirados das seções e instalados nos Tribunais Regionais Eleitorais, em salas monitoradas por câmeras.
Momentos antes do início da votação, representantes dos partidos políticos e das coligações preenchem cédulas de papel, que são depositadas em urnas de lona lacradas. Também é impressa a zerésima — documento que prova que não há nenhum voto registrado na urna — e, por fim, todos os votos das cédulas preenchidas são digitados, um por um, no equipamento e num sistema paralelo.
A apuração das eleições brasileiras é pública, e não secreta. Começa na urna eletrônica, que soma os votos de uma seção e emite o RDV (Registro Digital do Voto), uma espécie de boletim com os dados. O RDV alimenta uma memória que será levada à zona eleitoral ou TRE (Tribunal Regional Eleitoral) responsável.
O RDV conta com diversos mecanismos de segurança que impedem a sua adulteração, como criptografia, assinatura digital e hash (resumo digital). Ele permite a recontagem eletrônica dos votos.
Ao final da eleição, os números das cédulas em papel, do boletim de urna, do Registro Digital do Voto e do sistema auxiliar são comparados para verificar a integridade do sistema. Os resultados são enviados ao TSE para a totalização por meio de uma rede interna da Justiça Eleitoral.
Os resultados divulgados podem ser conferidos nos boletins impressos pelas urnas eletrônicas após o fim da votação. Isso significa que eventuais inconsistências entre o resultado oficial e o registrado pelas urnas podem ser verificadas por meio desses documentos.
Cabe destacar ainda que ao menos 46 países utilizam votação eletrônica em eleições, sendo que dezesseis adotam máquinas de votação eletrônica de gravação direta — ou seja, não utilizam boletins impressos.
O caminho da apuração
Consultamos os informes do TSE sobre o modo de funcionamento das urnas eletrônicas. Também recorremos a outras verificações feitas pelo Aos Fatos ao longo dos últimos anos que mostram como funcionam as urnas eletrônicas, o processo de totalização dos votos e os mecanismos que fazem com que seja possível auditar as eleições e recontar os votos.