Não é verdade que a campanha de Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, teve “custo zero”, como afirmam publicações enganosas nas redes. O ex-coach declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cerca de R$ 4,9 milhões em despesas da candidatura. Além disso, os campeonatos de cortes promovidos por Marçal indicam que os gastos da campanha podem ser superiores aos efetivamente declarados.
O conteúdo enganoso acumulava cerca de 17,2 mil curtidas no Instagram até a tarde desta segunda-feira (7).
Ricardo Nunes gastou R$ 22,88 MILHÕES! Cada voto custou R$ 12,71. Guilherme Boulos gastou R$ 55,66 MILHÕES! Cada voto custou R$ 31,34. Pablo Marçal gastou R$ 0. Cada voto custou R$ 0. R$ 78 MILHÕES pra ter apenas 1% de diferença

Publicações nas redes mentem ao afirmar que a campanha de Pablo Marçal à Prefeitura de São Paulo teve “custo zero”. Uma consulta ao DivulgaCand mostra que o candidato declarou cerca de R$ 7,5 milhões em doações de pessoas físicas para sua candidatura e R$ 4,9 milhões em despesas. O dado é provisório e ainda deve ser atualizado.
É fato, porém, que Marçal declarou à Justiça Eleitoral gastos inferiores aos de seus adversários. Guilherme Boulos (PSOL) declarou despesas de R$ 43,1 milhões, e Ricardo Nunes (MDB), de R$ 29,6 milhões.
Além dos gastos declarados ao TSE, ações na Justiça sobre os campeonatos promovidos pela comunidade Cortes do Marçal na plataforma Discord pontuam que “não há transparência” sobre a origem dos valores pagos aos produtores de conteúdo premiados na competição.
Como o Aos Fatos mostrou, o áudio de um funcionário do ex-coach indica o uso de intermediários no pagamento. Posteriormente, o administrador da comunidade Cortes do Marçal admitiu em um comentário no perfil do Aos Fatos no Instagram que Marçal realizou
realizou campeonatos de cortes durante a pré-campanha — o que é proibido pela Lei Eleitoral.
Caso se confirmem essas remunerações, o total de recursos empregados pela campanha pode ser superior ao que está na prestação de contas da candidatura.
Os campeonatos de cortes também estão no radar de integrantes do TSE e do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo eles, além de abuso na campanha, a prática também pode configurar caixa dois eleitoral, visto que os valores não foram declarados. A hipótese também já havia sido levantada pela candidata Tabata Amaral (PSB).
O caminho da apuração
Aos Fatos consultou o DivulgaCand para verificar os recursos declarados pela campanha de Pablo Marçal. Além disso, consultamos reportagens sobre os campeonatos de cortes promovidos por Marçal e os questionamentos acerca dos recursos declarados pelo candidato.