Não é verdade que caminhões com donativos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul estão sendo abordados por autoridades em um posto de gasolina em Gravataí (RS) e barrados caso não apresentem documentação sobre o destino dos itens. A rede de postos negou que tenha havido qualquer tipo de abordagem em suas instalações e explicou que os veículos que aparecem nas imagens estavam apenas parados esperando a chuva passar.
O vídeo com as alegações mentirosas acumulava ao menos mil compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (15). A peça de desinformação circula também no WhatsApp, plataforma em que não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Posto Sim, BR-290, na chegada aqui de Porto Alegre, no caminho aqui do litoral Porto Alegre. O pessoal tá abordando os caminhões aqui, pedindo documentação de carga, documentação dos caminhões Estão pedindo documentação do abrigo que vai receber as cargas, dizendo que se não for cadastrado com o governo, não vai receber.
É mentiroso o vídeo em que um homem não identificado mostra caminhões parados no posto Sim, localizado na BR-290, em Gravataí (RS), e diz que os veículos estariam sendo abordados “pelo governo”, que estaria requisitando documentação para liberar doações. Em nota enviada ao Aos Fatos, a assessoria da rede de postos desmentiu as peças de desinformação e negou que tenha havido qualquer tipo de abordagem em suas dependências.
“O conteúdo presente no vídeo é uma notícia falsa. O que tem no posto é uma concentração de caminhoneiros aguardando a situação das chuvas ser normalizada e utilizando o espaço como abrigo e parada”, afirmou a assessoria.
Sem especificar se estaria se referindo à esfera estadual ou federal, o autor do vídeo alega que o governo estaria solicitando que os caminhoneiros apresentassem documentação que provasse que o local de destino das doações estava “registrado”. Aos Fatos não encontrou norma ou orientação semelhante.
Em nota enviada à reportagem, a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) negou que a gestão Lula esteja realizando ação semelhante: “Não existe qualquer ação de fiscalização que impeça o transporte de doações para os municípios atingidos pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Os veículos de carga que passam nas balanças em rodovias que acessam o Estado passam por um procedimento simplificado de fiscalização e são liberados para seguir viagem. Não há solicitação de nota fiscal e nem aplicação de multas sobre veículos que transportam donativos”.
Já o governo estadual, por meio da Sefaz-RS (Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul), também explicou que só exige nota em casos de doações realizadas por empresas contribuintes de ICMS, já que se trata de obrigação fiscal, e que o trânsito está livre nos postos de fiscalização do estado em função da crise que atinge a região.
Administrações municipais, no entanto, têm organizado a distribuição de doações por meio de cadastros. A Prefeitura de Porto Alegre, por exemplo, requer que pessoas que não estejam alocadas em abrigos — que estejam em casas de amigos ou parentes, por exemplo — preencham um documento por meio do WhatsApp para que possam receber os donativos.
A peça de desinformação é uma nova versão de uma mentira que circula desde o início das enchentes. Há algumas semanas, publicações desinformativas têm usado casos isolados e descontextualizados para alegar que caminhões com doações estariam sendo barrados nas estradas por autoridades federais e estaduais. Aos Fatos desmentiu, por exemplo, que postos da Sefaz-RS estariam barrando veículos e que um fiscal teria sido agredido após impedir a distribuição de donativos.