Não há registros públicos de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha prometido “cassar a venda” de uma reserva de urânio do Brasil para a China, como alegam posts nas redes. Tal venda jamais aconteceu. A exploração do urânio é exclusiva da União.
As peças enganosas somavam mais de 1.000 curtidas e compartilhamentos no Instagram e no Facebook até a tarde desta terça-feira (10).
ORDEM DIRETA de Trump: OU o Congresso Nacional Brasileiro cassa o contrato de concessão e venda da terra para a exploração da reserva de urânio aos chineses. OU NÓS MESMOS cassaremos a concessão
Posts mentem ao afirmar que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou cassar um suposto contrato de venda de uma reserva de urânio do Brasil para a China. Por meio de busca na imprensa e nas redes de Trump, Aos Fatos não localizou qualquer declaração de teor igual ou semelhante.
Também não houve venda de qualquer reserva brasileira de urânio para a China, como já desmentido pelo Aos Fatos. A mineração e a comercialização de minérios nucleares são monopólio da União, que explora a atividade por meio da estatal INB, a única autorizada no país a extrair e processar urânio.
As peças de desinformação distorcem a venda da empresa Mineração Taboca S.A pela Minsur S.A., grupo peruano que detém o controle acionário da mineradora, para a China Nonferrous Trade Co. Ltd., subsidiária da estatal chinesa China Nonferrous Metal Mining Group Co. — um acordo comercial privado e sem ingerência do governo.
A mineradora, que atua na mina do Pitinga (AM), explora os minerais nióbio e tântalo e produz estanho refinado. A região também tem resíduos ricos em urânio, que vão para os rejeitos por não haver tecnologia viável para que o material seja separado.
E, ainda que houvesse tecnologia, a mineradora não possui direitos para a exploração do urânio, mineral considerado estratégico para o Brasil.
O caminho da apuração
Aos Fatos buscou na imprensa e nas redes sociais de Donald Trump declarações de teor igual ou semelhante, mas nada foi encontrado. Também consultamos checagem anterior sobre a falsa venda da reserva de urânio para a China, com o objetivo de contextualizar o caso.