Não há registros públicos de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha dito que irá “entregar todo mundo” caso ele e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro sejam presos, como afirmam publicações nas redes. O Aos Fatos não localizou quaisquer declarações de teor igual ou semelhante do ex-presidente na imprensa ou nas redes sociais dele.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 2.500 compartilhamentos no Facebook nesta segunda-feira (21) e circulam também na plataforma de vídeos curtos Kwai.
Bolsonaro fala mais uma vez: se eu for preso, eu vou entregar todo mundo. Não vou aceitar minha esposa ser presa. Se minha esposa for presa eu vou entregar todo mundo. Bolsonaro já avisou, que não vai aceitar essa humilhação
Em vídeo difundido nas redes, um homem não identificado pelo Aos Fatos afirma, sem apresentar provas, que Jair Bolsonaro “mandou avisar” que irá entregar “todo mundo” caso ele ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro sejam presos. O Aos Fatos não localizou fala igual ou semelhante proferida pelo ex-presidente na imprensa ou nas redes sociais do ex-mandatário.
Desde 16 de agosto, data do primeiro compartilhamento das peças enganosas, Bolsonaro publicou nas redes sociais dados para enaltecer o período em que governou o país, como o lucro de estatais em 2019, e críticas à atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-presidente não disse que irá fazer uma delação premiada — quando um investigado fornece informações úteis e determinantes para a solução de um crime ou para o esclarecimento de fatos apurados — tampouco entregar pessoas.
Em recente aparição pública, o ex-presidente disse em discurso na sede da Alego (Assembleia Legislativa do Estado de Goiás) na última sexta-feira (18), que o país enfrenta momentos difíceis e afirmou que “corre riscos em solo brasileiro”. “Não podemos ceder, porque a luta por democracia, a luta por liberdade, nossa querida imprensa, liberdade de expressão, vocês nunca viram da minha parte qualquer proposta, qualquer discurso para censurá-los”, disse Bolsonaro na ocasião.
Também na sexta, Bolsonaro foi questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre joias recebidas pela Presidência da República e supostamente vendidas de maneira ilegal por seu então ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid. “Olha, ele tem, como está na matéria da Folha, tem autonomia. Eu não ia mandar ninguém vender nada”, afirmou o ex-presidente.
Na noite anterior (17) à entrevista, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a quebra do sigilo de contas bancárias no exterior de Jair Bolsonaro (PL), de Mauro Cid, e do pai dele, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid. A Polícia Federal apura se Bolsonaro e aliados dele se aproveitaram da estrutura do governo federal para desviar e se apoderar de bens de alto valor.