Não é verdade que o Banco Central divulgou que 88 milhões de CPFs doaram valores por meio do Pix para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após mobilização recente de apoiadores, como fazem crer publicações que circulam nas redes. O Banco Central afirmou ao Aos Fatos que não fez nenhuma publicação sobre o assunto. As transações são protegidas por lei, dados de transações específicas só podem ser informados às autoridades competentes.
Posts com conteúdo enganoso somavam 36 mil compartilhamentos no Facebook e 1,3 milhão de visualizações no TikTok nesta terça-feira (4). As peças enganosas circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
E o Banco Central, né, essa semana divulgou os 88 milhões de CPFs que fez o Pix para esse homem [Jair Bolsonaro]
Em vídeo difundido nas redes, um homem não identificado pelo Aos Fatos engana ao dizer que o Banco Central divulgou que 88 milhões de CPFs doaram recentemente valores por meio do Pix para o ex-presidente Jair Bolsonaro. O Banco Central informou que não divulgou quaisquer dados sobre doações para o ex-presidente, e que as transações são protegidas pela Lei do Sigilo Bancário.
“Apenas divulgamos de forma ampla e ativa dados agregados gerais”, disse a autoridade monetária em nota.
O número citado como se fosse de CPFs tem sido, na realidade, confundido com o montante líquido de recursos (R$ 88.155.745,15) recebidos de pessoas físicas por Bolsonaro durante o pleito de 2022, como já verificado pelo Aos Fatos. A cifra aparece no DivulgaCand, site que reúne informações detalhadas sobre as contas eleitorais de todos os candidatos que pediram registro junto à Justiça Eleitoral. No total, a campanha do ex-presidente registrou 368.659 doações, incluindo repasses de pessoas físicas e partidos.
Faz o Pix. No fim de junho, apoiadores de Bolsonaro iniciaram uma campanha de arrecadação de dinheiro via Pix para o ex-presidente pagar multas de processos pelos quais responde.
Os pedidos de Pix começaram na mesma semana em que teve início o julgamento pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de uma ação do PDT que pediu a inelegibilidade de Bolsonaro e seu candidato a vice, Walter Braga Netto (PL), por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião com embaixadores, em julho de 2022. Na época, Bolsonaro repetiu informações falsas e distorções para atacar a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro. O discurso foi checado por Aos Fatos.
Em 30 de junho, o TSE condenou Bolsonaro e o declarou inelegível por oito anos. A decisão, no entanto, cabe recurso.