Não é verdade que o avião presidencial não pousou imediatamente após identificar um problema na turbina no último dia 1º porque o presidente Lula (PT) e sua comitiva estavam bêbados. Conforme explicado pela própria FAB (Força Aérea Brasileira), a aeronave teve que voar em círculos para gastar combustível e, assim, diminuir o peso para garantir uma aterrissagem segura em um aeroporto no México.
A mensagem que contém essa alegação mentirosa e outras informações incorretas sobre o caso acumulava centenas de compartilhamentos no Facebook na tarde desta sexta-feira (11). A peça de desinformação também circula no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Ocorrência após decolagem da Cidade do México com o aerolula (...) Não tinha como fazer o pouso imediatamente após a ingestão do urubo pois dentro do avião havia uma bagunça generalizada, todos em festa, bebendo demais, gente vomitando e tem até relato de gente tomando medicaemtno de tão bêbados que estavam (...)
Publicações têm compartilhado uma mensagem mentirosa para sugerir que o avião presidencial teria demorado a pousar na Cidade do México no último dia 1º para esconder que o presidente e sua comitiva estavam bêbados.
As peças fazem referência ao incidente ocorrido com o Airbus A329CJ da Presidência da República no Aeroporto Internacional Felipe Angeles, próximo à Cidade do México. Após a decolagem, a aeronave teve que voar em círculos por cerca de cinco horas antes de pousar novamente.
Segundo o Metrópoles, o problema teria sido causado por uma ave na turbina. Essa informação, no entanto, não foi confirmada pela FAB.
A mensagem compartilhada pelos posts enganosos afirma que o piloto não pousou imediatamente após identificar o problema na aeronave porque havia “uma bagunça generalizada”. Na verdade, no entanto, o avião não pôde pousar por causa do excesso de peso.
Em nota oficial, a FAB explicou que “a aeronave experimentou uma anomalia técnica após a decolagem” e que a tripulação seguiu as medidas de segurança recomendadas para gerenciar o combustível e manter “a aeronave em circuito de espera até que esta estivesse em condições de realizar o pouso em segurança”.
O peso máximo de decolagem costuma ser superior ao peso máximo do pouso de um avião para garantir a integridade da pista e de estruturas da própria aeronave, como o trem de pouso.
Procurada pelo Aos Fatos, a Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência da República reafirmou que a aeronave presidencial apresentou um problema técnico após a decolagem e, por isso, foi necessário realizar o sobrevoo para gastar o combustível antes do pouso.
A reportagem também pediu um novo posicionamento da FAB na última quinta-feira (10), mas não houve retorno.
As peças de desinformação afirmam ainda que o presidente Lula teria agredido um oficial da FAB. Essa informação não consta no site oficial da instituição e em nenhum relato encontrado pelo Aos Fatos.
De acordo com a CNN Brasil, Lula repreendeu os oficiais presentes porque, segundo ele, o presidente não poderia viajar em uma aeronave passível de falhas. A crítica teria, ainda segundo a CNN, causado um mal-estar na FAB, o que motivou um pedido de desculpas do petista.
Após o caso, o presidente afirmou que vai comprar novos aviões para substituir a aeronave presidencial, que é usada pelo governo há 18 anos.
Por fim, até a informação sobre a altitude do avião está incorreta. Segundo a mensagem, a aeronave teria ficado a 2.800 metros do solo, quando, na verdade, ficou a cerca de 3.800 metros, segundo a ferramenta Flight Aware.
A tese mentirosa de que Lula causaria vexames internacionais por causa do álcool é disseminada há anos por peças de desinformação. Aos Fatos já desmentiu montagens que tentavam sugerir que o presidente teria participado de eventos ou discursado enquanto estava bêbado.
O caminho da apuração
Aos Fatos procurou informações sobre o problema da aeronave nos sites do governo, da FAB e na imprensa brasileira. Como algumas informações careciam de confirmação técnica, a reportagem também consultou manuais de aviação e textos especializados.
Também procuramos a Secom e a FAB, mas apenas a primeira respondeu.