Não é verdade que o empresário Roberto Mantovani Filho, suspeito de hostilizar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e agredir o filho do magistrado na Itália, recebeu parcelas do auxílio emergencial, como alegam publicações nas redes. O nome e o CPF do beneficiário que aparece nas imagens difundidas pelas peças de desinformação são de outra pessoa.
Publicações com conteúdo enganoso somavam 360 mil visualizações no Twitter e centenas de compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (19). As peças enganosas circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
Como uma pessoa TÃO RICA ,QUE VAI PRA ROMA [empresário Roberto Mantovani Filho], que anda de carrão... Tem coragem de pegar o dinheiro [auxílio emergencial] destinado às pessoas que estavam com dificuldade financeira na pandemia
Não é o empresário Roberto Mantovani Filho, suspeito de hostilizar o ministro do STF Alexandre de Moraes e agredir o filho do magistrado no aeroporto de Roma, o mesmo beneficiário do Auxílio Emergencial que aparece nas imagens difundidas pelas peças checadas.
O nome completo do beneficiário no registro do Portal da Transparência é José Roberto Mantovani Filho. Ele teria recebido dezesseis parcelas do auxílio emergencial, programa de transferência de renda do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) destinado a mitigar os impactos econômicos causados pela pandemia. Já o nome completo do suposto agressor de Moraes é somente Roberto Mantovani Filho, como mostra o registro eleitoral dele no TSE.
As sequências numéricas centrais do CPF do beneficiário do auxílio emergencial também são diferentes do suposto agressor de Moraes. Enquanto o documento de José Roberto Mantovani Filho possui a sequência “515.298”, a de Roberto Mantovani Filho é “560.968”, de acordo o CruzaGrafos, ferramenta da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), que utiliza como base dados da Receita Federal.
A mesma sequência numérica do CPF do empresário aparece na página de doadores das eleições municipais de 2020 mantida pelo TSE. Na época, Mantovani doou R$ 11 mil ao diretório local do PSD de Santa Bárbara do Oeste (SP), onde possui empresas do ramo de consultoria empresarial e equipamentos hidráulicos. Em 2004, o empresário concorreu a prefeitura do município paulista pelo PL, partido que na época era aliado do então presidente Lula e ao qual era filiado o então vice-presidente, José Alencar.
Hostilidade. O ministro Alexandre de Moraes relatou à Polícia Federal que ele e seus familiares foram hostilizados por brasileiros no aeroporto de Roma, na última sexta-feira (14). O magistrado aguardava um voo para outro país da Europa após participar de uma palestra na Universidade de Siena.
Segundo o relato, o empresário Roberto Mantovani Filho teria gritado, empurrado e acertado um tapa no rosto do filho do ministro. Andréia Munarão, mulher de Mantovani, teria se dirigido a Moraes e dito que ele seria “bandido, comunista e comprado”. Já Alex Zanatta Bignotto, genro de Mantovani, também teria proferido ofensas contra a família de Moraes.
No domingo (15), o advogado Ralph Tórtima Filho, que representa os três suspeitos, divulgou nota em que nega que eles tenham ofendido Moraes e sua família. Em depoimento à PF na terça-feira (18), Roberto Mantovani Filho disse ter “afastado com o braço” o filho do ministro para defender a esposa, e que “pode ter esbarrado” no óculos usado por ele, mas voltou a negar que houve ofensas ou ameaças direcionadas a Moraes, segundo o advogado.