São enganosas as publicações que alegam que a apresentadora da CNN Elisa Veeck teria defendido Silvio Almeida das acusações de assédio sexual. As peças de desinformação editam a fala original da jornalista e mostram o momento em que ela citou currículo do ex-ministro, mas deixam de fora os comentários em que ela se diz perplexa e assustada com as denúncias.
A fala editada e descontextualizada acumula mais de 10 mil curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta segunda-feira (9).
Assédio de esquerda pode? Mídia dá desculpa de racismo para defender Silvio Almeida
Uma versão recortada da fala da apresentadora do Live CNN, Elisa Veeck, na última sexta-feira (6), tem sido compartilhada nas redes para fazer crer que a jornalista teria defendido o ex-ministro Silvio Almeida, acusado de assédio sexual. Trechos da fala de Veeck foram suprimidos e tirados de contexto para fazer crer que ela relativizou a denúncia.
Na gravação original (veja abaixo), é possível conferir que logo no início do programa Veeck diz que a denúncia causa “perplexidade” e “paralisia”. Esses trechos são recortados das peças de desinformação, que mostram apenas a parte em que a apresentadora cita o currículo de Almeida.
A fala da apresentadora, na íntegra, mostra que em nenhum momento ela defendeu o ex-ministro. Na verdade, Veeck se dizia surpresa com o fato de as denúncias de assédio atingirem um acadêmico com um histórico de defesa dos direitos humanos, principalmente da população negra.
Mais tarde, na mesma edição do programa, é apresentado o vídeo de defesa de Almeida, que nega as acusações. Veeck, então, comenta que é “horroroso e paralisante ter de noticiar” o caso:
“Estou desconfortável? Estou. A sensação é de perplexidade? Imagino que como muita gente, e tenho certeza absoluta, que como você também. Porque a gente tem o compromisso do ofício e de trazer os fatos. E nós continuamos fazendo isso, não importa qual seja a pessoa, a figura, e também ressaltando aqui o tamanho da importância de uma autoridade e o quão grave é tudo isso.”
Almeida foi demitido do Ministério dos Direitos Humanos na noite da última sexta-feira (6) após denúncias de assédio sexual contra diferentes mulheres, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, virem à tona.
O caso será investigado pela Comissão de Ética da Presidência da República, pela CGU (Controladoria-Geral da União) e pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública.
O caminho da apuração
Aos Fatos procurou a íntegra da edição do Live CNN usado pelas peças de desinformação. Depois, tanto o programa original quanto o vídeo editado foram transcritos com a ajuda do Escriba, ferramenta de inteligência artificial desenvolvida pelo Aos Fatos, para identificar os trechos suprimidos.
Também foram buscadas informações sobre o caso para compor o contexto da checagem, como o momento da demissão, as investigações em curso e qual a defesa do ex-ministro.