É falso que um adolescente de 14 anos hackeou o sistema de filiação partidária do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para filiar o presidente Lula ao PL, partido de oposição ao governo petista. Investigações da Polícia Federal concluíram que não houve invasão ao sistema, mas o uso indevido das credenciais oficiais de uma advogada que presta serviços ao PL.
Publicações nas redes acumulavam milhares de visualizações no TikTok até a tarde desta segunda-feira (4).
TSE foi haqueado (sic) por criança de 14 anos. Moleque de 14 'filiou' Lula ao PL nos computadores do TSE.
Não é verdade que um adolescente de 14 anos hackeou o sistema do TSE que informa a filiação partidária e vinculou o presidente Lula ao PL, partido de oposição ao governo e do qual o ex-presidente Jair Bolsonaro faz parte. Segundo a PF, não houve invasão do sistema mas sim o uso indevido do login de uma advogada do PL. Em nota ao Aos Fatos, a Polícia Federal não confirmou a idade do fraudador.
O caso da falsa filiação do presidente Lula ao PL foi revelado em janeiro deste ano pelo jornal O Globo, que identificou que o petista esteve registrado como membro do partido de oposição por ao menos seis meses.
Os dados falsos foram inseridos no dia 15 de julho, em São Bernardo do Campo (SP). No mesmo dia, consta a descompatibilização de Lula do PT, partido do qual é fundador e ao qual está filiado desde 1981. A alteração foi aceita pelo sistema do TSE dois dias depois.
Após a publicação da reportagem, o TSE acionou a Polícia Federal, que abriu investigação para identificar os responsáveis pela ação. As diligências constataram que não houve invasão ao sistema. A suspeita é de que houve o uso irregular do login da advogada Ana Daniela Leite e Aguiar, que presta serviços ao PL, por outra pessoa. Depois do ocorrido, o TSE reforçou a segurança do sistema filiação partidária.
Ainda de acordo com a PF, o autor do crime usou dados pessoais para iniciar o cadastro por um formulário disponível no site do partido para, depois, concluir a fraude em nome do presidente Lula. O órgão não confirmou a idade do suposto autor (veja aqui e aqui).
“Verificou-se que o uso dos dados falsos em nome do presidente teve início já no momento inicial do procedimento de filiação, quando o cidadão interessado em se filiar acessou o formulário digital em aba específica no sítio oficial do partido político, preenchendo diversas informações pessoais — entre elas dados pessoais, políticos, selfie, upload de documentos, endereço e dados de contato como telefone e email, além de confirmação dos dados e aceitação dos termos de uso — com a finalidade de iniciar o processo”, diz a nota.
No último dia 30, a Polícia Federal deflagrou uma operação com o objetivo de apurar a inserção de dados falsos no sistema do TSE. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão no Mato Grosso do Sul.
Essa peça de desinformação também foi verificada pelo Estadão Verifica.
O caminho da apuração
Aos Fatos buscou informações sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal que investiga o crime de inserção de dados falsos no sistema de filiação do Tribunal Superior Eleitoral. Também acionamos a PF por e-mail, para mais informações sobre o caso. Por fim, buscamos na imprensa reportagens sobre a vinculação fraudulenta do presidente Lula ao PL, partido de oposição ao seu governo.
