Não é verdade que um abrigo montado em uma escola municipal de Canoas está escondendo roupas novas doadas à população afetadas pelas enchentes. Os posts enganosos que fazem essa alegação tiram de contexto um vídeo que mostra a separação das roupas em caixas, mas omite que as peças novas têm sido separadas para serem doadas de forma igualitária aos afetados pelas enchentes. Atualmente, a escola tem doado prioritariamente roupas usadas em razão do volume acumulado.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 90 mil compartilhamentos no Facebook e 4.000 curtidas no Instagram até a tarde desta segunda-feira (10).
Escondendo as roupas novas. Só deixando serem doadas as usadas
Um vídeo que mostra a separação de caixas na Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire, em Canoas, circula nas redes sociais acompanhado de uma legenda enganosa para fazer crer que a escola está escondendo peças novas de roupas e doando apenas as usadas. O contexto original da filmagem foi esclarecido ao Aos Fatos pela diretora da escola e pela Prefeitura de Canoas.
Por telefone, Elizabete Fettuccia, diretora e coordenadora da escola, explicou que as roupas que nunca foram usadas estão sendo separadas em uma sala da escola e serão distribuídas de maneira igualitária para os abrigados assim que eles estiverem em suas casas. O mesmo acontecerá com mantas e alimentos que sobrarem. Atualmente, a prioridade é a doação de roupas usadas, em razão do volume acumulado de donativos na escola.
A explicação foi corroborada pela Prefeitura de Canoas, que explicou que o vídeo retrata apenas “uma triagem para deixar as roupas separadas e organizadas”.
Segundo a diretora, a triagem das roupas pelo seu estado de conservação está sendo realizada desde o dia 4 de maio — ou seja, cerca de uma semana antes de uma fiscalização feita no abrigo pelo Ministério Público. Até aquela data, o órgão afirmou que não havia recebido qualquer denúncia com esse teor em relação à escola ou demais abrigos da cidade.
Elizabete Fettuccia afirmou que a filmagem mostrando a triagem das roupas foi feita dias depois, em 18 de maio, por uma pessoa que foi até a escola com o intuito de difamar o trabalho realizado no local, e que foi orientada pelo MP e pela Polícia Civil de Canoas a registrar um boletim de ocorrência. Por sua vez, o MP informou que será feita uma nova averiguação e que já solicitou mais informações sobre o caso à administração municipal.
Esta peça de desinformação também foi checada pelo Estadão Verifica.