🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Exército não participou de apreensão de 70 mil toneladas de manganês ilegal no Pará

Por Priscila Pacheco

9 de setembro de 2020, 18h13

Não é verdade que o Exército interceptou no Pará 70 mil toneladas de manganês ilegal que seriam enviadas para a China, como afirmam postagens nas redes sociais (veja aqui). O Exército informou por meio de nota que a apreensão foi feita pela PF (Polícia Federal) no dia 21 de agosto no contexto da Operação Verde Brasil 2. Coordenada pela Vice-Presidência da República, a operação prevê a atuação das Forças Armadas no combate a crimes ambientais na Amazônia Legal, mas, no caso mencionado na peça de desinformação, não houve emprego de militares.

A participação da PF na apreensão do manganês também foi destacada em texto publicado no site oficial da ANM (Agência Nacional de Mineração), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia e que também participou da ação.

Segundo as publicações enganosas, a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia, que pediu ao governo federal explicações sobre a atuação das Forças Armadas na Amazônia, deveria se desculpar diante da apreensão feita pelo Exército.

Até a tarde desta quarta-feira (9), a peça de desinformação reunia ao menos 1.700 compartilhamentos no Facebook. Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


FALSO

Carga ilegal de 70 mil toneladas de manganês é apreendida no Pará. Material foi interceptado pelo Exército e tinha como destino a China. (...) Cármen Lúcia dá 5 dias a Bolsonaro para explicar o que fazem as Forças Armadas na Amazônia. Acho que Cármen Lúcia pode retirar seu pedido com as desculpas de praxe.

Publicações que circulam nas redes sociais afirmam que o Exército interceptou 70 mil toneladas de manganês ilegal no porto Vila do Conde, em Barcarena (PA), que teriam como destino a China. Apesar de a apreensão ter de fato ocorrido no dia 21 de agosto, ela não teve participação de militares. Segundo nota enviada pelo Exército ao Aos Fatos, a ação foi realizada pela PF (Polícia Federal) no contexto da Operação Verde Brasil 2, coordenada pela Vice-Presidência da República.

A ANM (Agência Nacional de Mineração), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, também foi responsável pelo procedimento e destacou em nota publicada em seu site oficial a participação somente da PF.

“Esta é uma ação da ANM em uma operação contra o manganês ilegal dentro das faixas de servidão da linha de transmissão da usina hidrelétrica de Belo Monte. Essa atividade ilegal coloca em risco as torres da usina e estamos com operações de inteligência junto com a Polícia Federal para combatê-la”, diz o diretor da ANM, Eduardo Leão, no texto.

A peça de desinformação cita a participação do Exército na apreensão para criticar a ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal). No dia 3 de setembro, a ministra deu cinco dias para que o presidente Jair Bolsonaro e o Ministério da Defesa prestem informações sobre a atuação das Forças Armadas na Amazônia. Essa participação está prevista na Operação Verde Brasil 2, que ocorre desde maio para combater crimes ambientais na região, e foi questionada pelo PV (Partido Verde).

Em documento do dia 30 de agosto, o partido apontou pouca eficiência das Forças Armadas no combate de queimadas e desmatamento da Amazônia. “Sem histórico de atuação no combate ao desmatamento ilegal e dos focos de incêndio – por se tratar de funções estranhas ao rol de competências das Forças Armadas -, a Operação Verde Brasil 2 apresenta pouca efetividade, ao passo que os números relativos à destruição da Amazônia Legal continuam a aumentar, sinalizando mais um ano de retrocesso na preservação do bioma Amazônia”, diz trecho do documento.

Referências:

1. Agência Nacional de Mineração
2. Governo Federal
3. Folha de S. Paulo (Fontes 1 e 2)
4. Congresso em Foco


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