Não é verdade que unidades do Exército francês estejam se deslocando para a Ucrânia com o objetivo de impedir o avanço da Rússia. Em nota, o Ministério das Forças Armadas do país negou qualquer movimentação semelhante. A alegação compartilhada pelas peças de desinformação foi divulgada pela rede estatal francesa France24, que posteriormente admitiu se tratar de uma informação equivocada.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 3.500 curtidas no Instagram até a tarde desta quarta-feira (20).
De acordo com algumas fontes, unidades do exército francês, incluindo o prestigioso 2º Regimento de Infantaria Estrangeiro, estão a caminho da Romênia, membro da OTAN, e em seguida, planejam adentrar a Ucrânia com o objetivo de se estabelecerem em Odessa.
Posts nas redes enganam ao alegar que tropas do Exército francês estão se deslocando em direção à Ucrânia com o intuito de proteger a cidade de Odessa contra o avanço russo. Em nota, o Ministério das Forças Armadas da França afirmou que não houve qualquer movimentação de tropas em direção ao flanco leste da Europa.
Ainda segundo o comunicado do governo, um comboio ferroviário apenas deslocou veículos blindados leves e caminhões logísticos de um regimento do Exército para o campo de treinamento militar de Canjuers, no sul da França.
A alegação compartilhada pelas peças de desinformação foi veiculada originalmente na última quinta (14) pela conta no X (ex-Twitter) da rede estatal francesa de TV France24. No mesmo dia, no entanto, o veículo deletou a publicação e pediu desculpas por repassar uma informação equivocada, que teria sido obtida de uma fonte não verificada e de teor conspiracionista.
Citado pelas peças de desinformação como um dos grupos que teria sido mobilizado para atuar na Ucrânia, o 2º Regimento de Infantaria Estrangeiro do Exército francês realizou, entre 22 de fevereiro e 15 de março, exercícios militares no campo de treinamento de La Courtine, no departamento de Creuse, na região central da França. Não há registros de que o regimento tenha sido deslocado posteriormente para a fronteira leste do país.
A alegação enganosa foi alimentada por interpretações equivocadas de recentes declarações do presidente francês Emmanuel Macron à imprensa. No fim de fevereiro, Macron disse que o envio de tropas ocidentais à Ucrânia não podia ser descartado, e que seria feito o “necessário” para garantir que a Rússia não vencesse a guerra. Na época, o ministro da Defesa do país, Sebastien Lecornu, descartou a mobilização de tropas. Estados Unidos e Reino Unido também negaram movimentações semelhantes.
Na última quinta (14), Macron disse que a Rússia não pararia na Ucrânia se derrotasse as tropas de Kiev. O presidente francês também pediu que os europeus não fossem “fracos” e se preparassem para uma eventual resposta militar. O mandatário afirmou, no entanto, que não pretendia tomar a iniciativa de combater os russos.