Não é Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a pessoa que alega, em um vídeo compartilhado por posts nas redes, ter visto cenas de infiltrados de esquerda depredando prédios durante o 8 de Janeiro. Quem aparece no vídeo é o jornalista Marcos Vanucci. Além disso, não há indícios de que os atos de vandalismo foram cometidos por infiltrados de esquerda.
As peças enganosas somavam centenas de curtidas e compartilhamentos no Instagram, Facebook e no Kwai até a tarde desta quarta-feira (14). As peças de desinformação também circulam no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
[Vídeo mostra] Tagliaferro, ex-assessor de Moraes, denunciando a farsa do golpe [8 de Janeiro]

Posts enganam ao afirmar que é Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a pessoa que aparece em um vídeo dizendo ter visto cenas de infiltrados de esquerda depredando prédios durante o 8 de Janeiro. O registro, na realidade, retrata uma fala do jornalista Marcus Vanucci para um podcast, cujo episódio foi publicado em abril no YouTube.
Na ocasião, Vanucci alegou ter imagens gravadas de pessoas com camisetas e bandeiras do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e bonés do CPX que teriam iniciado a depredação de prédios públicos antes dos demais manifestantes por volta de 13h40.
No entanto, imagens feitas pela imprensa e registros de câmeras de segurança do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal) não mostram atos de vandalismo antes de 14h43, horário em que a contenção feita pela PM do Distrito Federal foi rompida, segundo relatório de Ricardo Cappelli, ex-interventor federal na segurança pública da capital federal.

Foi a partir desse horário que os manifestantes partiram em direção ao Congresso e demais setores da Esplanada. O horário coincide com o início dos ataques informados, por exemplo, pela Câmara dos Deputados ao jornal O Estado de S. Paulo.
Os golpistas começaram a ser expulsos pelas forças policiais por volta das 17h30, como registrado tanto pela imprensa quanto pela cronologia do Senado. Os ataques, porém, continuaram nas áreas internas e externas do Congresso até por volta das 18h.
Além disso, a sigla “CPX” citada por Vanucci, por exemplo, já foi alvo de peças de desinformação que alegavam que as letras tinham relação com facções criminosas, o que não é verdade. Trata-se de uma abreviatura de complexo, em referência ao bairro Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e de outros, como o Complexo da Maré e o Complexo da Penha.
Aos Fatos entrou em contato com o jornalista Marcos Vanucci e solicitou as imagens que mostrariam supostos infiltrados de esquerda no 8 de Janeiro, mas não houve retorno. A checagem será atualizada em caso de resposta.
Recorrente. Desde o dia 8 de janeiro de 2023, o Aos Fatos checou uma série de publicações desinformativas que apontavam para a existência de infiltrados de esquerda entre os golpistas que destruíram os prédios dos Três Poderes. Posts já sugeriram, por exemplo, que os culpados seriam membros do MST, o que nunca se provou verdade.
O caminho da apuração
Aos Fatos buscou informações na imprensa, e no relatório final do governo do Distrito Federal sobre os fatos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.