🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Estudo não concluiu que segunda dose da Pfizer reduz imunidade de recuperados da Covid-19

Por Marco Faustino

14 de outubro de 2021, 15h46

Postagens que circulam nas redes sociais enganam ao alegar que um estudo concluiu que a imunidade de indivíduos recuperados da Covid-19 foi reduzida após a aplicação da segunda dose da vacina da Pfizer (veja aqui). Na realidade, a pesquisa indicou apenas que pacientes curados da infecção chegariam ao ponto máximo da produção de uma molécula relacionada à imunidade após receberem a primeira dose.

O conteúdo enganoso acumulava ao menos 4.000 curtidas em publicações no Instagram nesta quinta-feira (14).


Segunda dose da vacina BNT162B2 (Pfizer) resulta em uma redução da imunidade celular em indivíduos recuperados de Covid-19

Postagens nas redes sociais distorcem um estudo científico para afirmar que a segunda dose da vacina da Pfizer contra a Covid-19 reduziria a resposta imune de indivíduos que já tiveram a doença. A pesquisa citada não trouxe esta conclusão.

O estudo, publicado no site Cell Reports em agosto, analisa a quantidade de moléculas interferon gama (um dos indicadores de imunidade) em pessoas que foram infectadas pela Covid-19 e naquelas que nunca tiveram a doença, após receberem as vacinas da Pfizer. A conclusão é que o ponto máximo da produção desta molécula em quem já foi infectado é atingido após receber a primeira dose. Em nenhum momento o trabalho afirma que a segunda dose diminuiria a imunidade obtida por quem já teve a doença.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a Pfizer continuam a recomendar as duas doses do imunizante para que o esquema vacinal seja concluído, inclusive para quem já contraiu a doença e se recuperou.

Além dessa distorção, especialistas ouvidos por Aos Fatos contestam o uso pelas peças de desinformação de índices de moléculas interferon gama como se representassem a imunidade total de um indivíduo. De acordo com Letícia Sarturi, doutora em imunologia pela USP (Universidade de São Paulo), a avaliação por meio de células de memória seria mais correta.

“São elas que vão manter a imunidade. Há indivíduos recuperados que desenvolvem uma imunidade muito fraca e pouco duradoura, principalmente quem teve um grau leve de Covid-19, e por isso essas pessoas não ficam imunizadas a longo prazo”, explicou.

A especialista ressaltou ainda que uma quantidade maior de células interferon gama, devido à infecção por Covid-19, não demonstra que a pessoa não precisa se vacinar. Isso porque a doença pode deixar sequelas que prejudicam a qualidade da resposta imunológica e porque vacinados não precisam produzir doses altas de interferon para garantir uma defesa eficiente do corpo contra o novo coronavírus.

As postagens checadas também enganam ao alegar que a vacina da Pfizer injeta a proteína spike no organismo. Conforme checado por Aos Fatos, o imunizante utiliza moléculas do RNA do vírus, que, ao serem introduzidas no corpo do vacinado, induzem a produção da proteína Spike pelo próprio organismo para treinar o sistema imunológico a reconhecer e combater as infecções causadas pelo novo coronavírus. A vacina em si, portanto, não contém a proteína spike do vírus que causa a Covid-19.

Essa peça de desinformação também foi checada pelo Estadão Verifica.

Referências:

1. Cell Reports
2. Aos Fatos


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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