Não é verdade que uma emissora dos Estados Unidos divulgou antecipadamente os resultados da eleição presidencial e que isso seria indício de fraude para beneficiar a vice-presidente Kamala Harris, candidata do Partido Democrata. Trata-se, na verdade, de um erro de uma afiliada da ABC na Pensilvânia, que transmitiu números gerados aleatoriamente durante um teste de equipamentos. No estado, a votação já está acontecendo, mas não a apuração.
A falsa alegação de fraude acumulava ao menos 2.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no X (ex-Twitter) até a tarde desta quinta-feira (31).
A ABC foi pega transmitindo os resultados das eleições mostrando que Kamala venceu o estado da Pensilvânia por 5 pontos de diferença durante corrida da Fórmula 1
São enganosas as publicações que afirmam que o canal ABC transmitiu os resultados da eleição presidencial dos Estados Unidos na Pensilvânia antes do final do pleito. As peças sugerem que isso seria uma prova de que a eleição será fraudada para dar a vitória à democrata Kamala Harris. No entanto, a emissora admitiu ter cometido um erro durante um teste, com números aleatórios.
Conforme explicado pela própria WNEP-TV, afiliada da ABC na Pensilvânia, o resultado que apareceu na tela durante a transmissão de uma corrida de Fórmula 1 foi gerado num teste dos equipamentos de divulgação com “números gerados aleatoriamente”. Os números foram ao ar por um erro da equipe da emissora.
A tela exibida de maneira incorreta dizia que, com 100% da apuração, Kamala teria recebido 3,2 milhões de votos e Donald Trump 2,9 milhões. Nessas eleições, 9,1 milhões de eleitores estão aptos a votar na Pensilvânia, mas o voto não é obrigatório.
As projeções a partir de pesquisas de intenção de voto indicam que o resultado tende a ser acirrado: o agregador do site FiveThirtyEight prevê que Trump tem 47,9% de chance de vencer no estado, contra 47,5% de Kamala.
A Pensilvânia permite votação antecipada e lá os eleitores já estão votando. A contagem de votos, no entanto, ainda não começou. A legislação estadual determina que a apuração só poderá ser iniciada após o fechamento oficial das urnas, às 20h da próxima terça-feira (5).
Na Pensilvânia, a votação ocorre por meio de cédulas de papel e por BMDs — equipamentos que preenchem digitalmente as cédulas de votação impressas. Por isso, a apuração é feita por meio de scanners ópticos e tabuladores, que contabilizam os votos preenchidos manualmente pelos eleitores.
A legislação estadual também determina ações para garantir a lisura dos resultados:
- Cada condado deve confirmar se o número de eleitores condiz com o número de votos registrados em seus territórios;
- Todos os condados devem realizar a recontagem de ao menos 2% dos votos de maneira aleatória;
- Após a divulgação do resultado, é aberto um prazo de cinco dias para que sejam apresentadas contestações;
- Caso o resultado tenha uma diferença de menos de 0,5% do total de votos entre os candidatos, acontece uma recontagem automática dos votos.
O caminho da apuração
Aos Fatos procurou o programa onde os números apareceram e buscou o posicionamento oficial da emissora sobre o assunto. A reportagem também pesquisou a legislação eleitoral na Pensilvânia para explicar como é a votação no estado e as ações previstas para evitar fraudes eleitorais.