Empresa suspeita de pagar despesas de Michelle Bolsonaro não é investigada por fraude no INSS

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Não é verdade que uma empresa acusada de bancar despesas pessoais de Michelle Bolsonaro teria desviado R$ 32 milhões dos aposentados em esquema de fraudes no INSS. A Cedro do Líbano, citada em um relatório do Coaf de 2023, não aparece entre as organizações associativas acusadas de participar do esquema de descontos irregulares de beneficiários da previdência social.

O conteúdo enganoso foi enviado por leitores do Aos Fatos à Fátima, nossa robô checadora (fale com a Fátima). As peças desinformativas acumulavam 1.500 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta sexta-feira (16) e 1.000 compartilhamentos no X (ex-Twitter).

Empresa investigada por roubar 32 milhões dos aposentados do INSS pagava cartão de crédito de Michelle Bolsonaro.

Print de publicação feita no X (ex-Twitter) mostra uma foto da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, uma mulher branca, de cabelos pretos curtos, usando uma camisa branca com um símbolo e a palavra “pátria”. O fundo da imagem é estampado em azul com um símbolo da república. No topo, há um texto que diz: “Empresa investigada por roubar 32 milhões dos aposentados do INSS pagava cartão de crédito de Michelle Bolsonaro”.

É falso que a empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais de Construção, acusada de bancar despesas pessoais de Michelle Bolsonaro, teria desviado R$ 32 milhões no esquema de descontos irregulares dos beneficiários do INSS. A empresa não aparece entre as 12 organizações associativas citadas pela Polícia Federal e pela CGU (Controladoria-Geral da União) na Operação Sem Desconto, nem faz parte deste segmento.

Posts nas redes tiraram de contexto uma reportagem publicada pelo Mídia Ninja no dia 29 de julho de 2023, que repercutia um relatório do Coaf indicando movimentações financeiras “incompatíveis” com o porte da Cedro do Líbano e uma suspeita de corrupção envolvendo a ex-primeira-dama.

Em nenhum momento, no entanto, é mencionado o escândalo dos descontos de beneficiários do INSS, caso que só se tornou público em abril deste ano. O texto também não afirma que a Cedro do Líbano e Michelle Bolsonaro estariam envolvidos na fraude na previdência.

Na ocasião, o Coaf analisou transferências suspeitas feitas para o sargento Luís Marcos dos Reis, um dos militares da equipe do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cesar Barbosa Cid. Segundo a PF, havia indícios de que esses recursos teriam sido usados para pagar despesas pessoais de Michelle.

A Cedro do Líbano também manteve contratos com o governo federal via Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) durante a gestão Bolsonaro — a empresa pública foi alvo de operações da PF mirando corrupção em contratos no Nordeste. Isso reforçou as suspeitas de irregularidades envolvendo a empresa e pessoas ligadas ao ex-presidente.

O caminho da apuração

Aos Fatos leu a notícia compartilhada pelos posts enganosos e identificou que, além de ter sido publicada em 2023, a matéria tratava de transações financeiras sem relação com as recentes investigações contra descontos irregulares no INSS.

O caso noticiado repercutia um relatório do Coaf que apontava para movimentações atípicas de uma empresa que recebia dinheiro público via contrato com estatais e a associava ao pagamento de despesas pessoais da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

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