Em pronunciamento, Bolsonaro infla ações do governo durante a pandemia

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Em pronunciamento na noite desta quarta-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer, enganosamente, que seu governo promoveu saúde e economia igualmente durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Ele também voltou a mencionar de modo distorcido o número de vacinas já aplicadas no país.

Em seu discurso, o presidente enumerou as medidas tomadas pelo seu governo no combate à pandemia da Covid-19 e defendeu a realização da Copa América no Brasil. Aos Fatos está checando as suas declarações.

Veja, abaixo, o resultado da checagem do pronunciamento do presidente.

Atualização às 16h20 de 4 de junho de 2021: a checagem sobre o PIB foi corrigida para levar em consideração demais projeções de mercado que não haviam sido mencionadas na primeira edição.

Jair Bolsonaro

Boa noite,

Sinto profundamente cada vida perdida em nosso país.

Hoje alcançamos a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios.

O governo federal distribuiu, até a tarde desta quarta-feira (2), 102,9 milhões de doses de imunizantes contra a Covid-19 para as unidades da federação, de acordo com dados da plataforma Localiza SUS, do Ministério da Saúde.

O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta.

A declaração é IMPRECISA, pois o Brasil só aparece nas primeiras posições do ranking mundial de vacinação se considerados números absolutos. De acordo com a base de dados do Our World in Data, o país aplicou 68,2 milhões de doses da vacina até o dia 1º de junho, o que o deixa em terceiro lugar em números absolutos, atrás dos EUA (296,4 milhões) e da Índia (213,1 milhões). No entanto, ao analisarmos o percentual de vacinados em relação à população, o país aparece na 79ª posição, com 21,6% dos brasileiros tendo recebido ao menos uma dose da vacina.

Neste ano, todos os brasileiros que assim o desejarem serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa.

Ontem, assinamos acordo de transferência de tecnologia para a produção de vacinas no Brasil entre a AstraZeneca e a Fiocruz.

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) assinou nesta terça-feira (1º) contrato de transferência de tecnologia com a AstraZeneca para permitir a produção completa da vacina contra a Covid-19 no Brasil, incluindo o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA). Segundo a instituição, os primeiros imunizantes totalmente produzidos em território nacional devem ficar prontos em outubro de 2021.

Com isso, passamos a integrar a elite de apenas cinco países que produzem vacina contra a Covid no mundo.

Mais do que cinco países produzem hoje vacinas contra a Covid-19. De acordo com informações publicadas em março pela Airfinity, uma plataforma que reúne dados sobre a pandemia, China, EUA, Índia, Reino Unido, Rússia, Suíça e Coreia do Sul, além da União Europeia, fabricam imunizantes.

O nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais.

Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea.

Bolsonaro já repetiu mais de 40 vezes que sempre deu a mesma atenção às questões sanitária e econômica ao falar sobre a pandemia. A declaração, no entanto, foi considerada FALSA porque, na verdade, ele minimizou os efeitos da Covid-19 na saúde em várias oportunidades. Em entrevistas e declarações públicas, por exemplo, o presidente já comparou a doença a uma “gripezinha”. Também chegou a dizer, em discurso no dia 18 de setembro do ano passado, que o isolamento social seria “conversinha mole” e que as medidas de restrição de circulação seriam para “os fracos”. Durante a pandemia, Bolsonaro ainda desrespeitou recomendações sanitárias ao causar aglomerações e circular sem máscara.

Destinamos, em 2020, R$ 320 bilhões para o auxílio emergencial para atender aos mais humildes.

De acordo com dados do Painel da Transparência do Tesouro Nacional, foram pagos R$ 293,1 bilhões dos R$ 322 bilhões previstos para o auxílio emergencial à população vulnerável. A afirmação de Bolsonaro no pronunciamento apresentou uma diferença de menos de 10% do valor original, o que torna a declaração VERDADEIRA.

Esse montante equivale a mais de 10 anos de Bolsa Família.

E mais de 190 bilhões para ajudar estados e municípios.

Alguns setores como bares e restaurantes, turismo, entre outros, em grande parte foram socorridos pelo nosso governo por meio do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).

O Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), medida que facilita o acesso de pequenos negócios a empréstimos, foi lançado de maneira emergencial pelo governo federal em maio de 2020, com adesão de 517 mil empresas. No entanto, o programa foi interrompido em dezembro e, após cinco meses, o presidente anunciou nesta quarta-feira (2) a lei que o torna permanente. Além disso, o Pronampe não se mostrou eficiente para evitar o fechamento de pequenos negócios em meio à pandemia. Segundo a empresa de administração de crédito Boa Vista SCPC, os pedidos de falência de empresas no país aumentaram 12,7% no ano passado ante 2019. Micro e pequenas empresas representaram cerca de 85% do total de pedidos, e o setor de serviços, 40%.

Hoje mesmo sancionamos a nova lei do Pronampe, agora permanente, que pode destinar a vários setores até 25 bilhões de reais, onde 20% será destinado ao setor de eventos.

Em postagem publicada em suas redes sociais nesta quarta (2), o presidente anunciou a sanção de uma lei que torna permanente o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), projeto aprovado pelo Senado em 11 de maio. De acordo com a publicação, serão concedidos R$ 5 bilhões de crédito a micro e pequenas empresas, mas os valores podem chegar a R$ 25 bilhões em caso de participação de bancos públicos e privados. Do total, 20% deve ser destinado ao setor de eventos. Até a publicação desta checagem, a lei ainda não havia saído no Diário Oficial da União.

Terminamos 2020 com mais empregos formais que 2019.

Devido às mudanças na metodologia do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) em 2020, não é possível comparar os estoques de empregos formais do ano passado com os dados anteriores e, por isso, a declaração é INSUSTENTÁVEL. Em janeiro do ano passado, o Caged passou a considerar outras fontes de informações e a captar um volume mais amplo de dados. Antes de 2020, eram contabilizados apenas empregados contratados sob regime CLT. Já a nova metodologia inclui também trabalhadores temporários, trabalhadores avulsos, agentes públicos, trabalhadores cedidos e dirigentes sociais.

Somente nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil criou mais de 900 mil novos empregos.

De acordo com os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o Brasil registrou, entre janeiro e abril de 2021, um saldo positivo de 957.889 empregos formais. Trata-se do resultado das 6,4 milhões de admissões e dos 5,4 milhões de desligamentos cadastrados no período.

O PIB projetado para 2021 prevê um crescimento da economia superior a 4%.

Apesar de o último Boletim Focus, do Banco Central, estimar um crescimento de 3,96% para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2021, instituições do mercado já projetam o seu crescimento acima de 4%. Depois do resultado positivo do primeiro trimestre, o Bradesco revisou a projeção de alta do PIB de 3,3% para 4,8% em 2021. O Itaú Unibanco e a XP preveem um crescimento 5% e de 5,2%, respectivamente. Fora do Brasil, o Bank of America e o Goldman Sachs também estimam uma expansão acima de 5%. Esta checagem foi corrigida.

Só no 1º trimestre deste ano, a economia mostrou seu vigor, estando entre os países do mundo que mais cresceram.

A declaração é EXAGERADA porque o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2021, de crescimento de 1,2% ante os três últimos meses de 2020, deixou o Brasil na 19ª posição em um grupo de 50 nações em relação à taxa de crescimento real, segundo levantamento da agência classificadora de risco Austin Rating. O mesmo relatório aponta que o PIB nominal no primeiro trimestre deste ano fez o país cair do 12ª para o 13ª lugar no ranking das maiores economias do mundo, tendo sido ultrapassado pela Austrália.

Com o Congresso Nacional estamos avançando, aprovamos a nova lei do gás; o marco legal do saneamento; a MP da Liberdade Econômica; o Banco Central independente; e o novo marco fiscal.

Realizamos leilões de rodovias, portos e aeroportos.

Levamos internet para mais de 8 milhões de brasileiros em grande parte para as regiões Norte e Nordeste.

O programa Wi-Fi Brasil instalou 13.672 pontos de internet no país até o dia 25 de maio e alcançou mais de 8,5 milhões de pessoas, de acordo com o Ministério das Comunicações. Segundo a pasta, 80% das instalações ocorreram em municípios das regiões Nordeste e Norte e os cinco estados mais beneficiados até agora foram Bahia, Pará, Maranhão, Ceará e Amazonas. A tecnologia está disponível em escolas, unidades de saúde, assentamentos rurais, comunidades indígenas, unidades de segurança, comunidades quilombolas, postos de fronteira e telecentros, espaços públicos para utilização de computadores.

Ontem, a Bolsa de Valores bateu recorde histórico...

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira B3, bateu recorde histórico pelo terceiro dia consecutivo na terça-feira (1) ao alcançar os 128.267 pontos. Ele foi impulsionado pelo resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, de 1,2%. O resultado superou as projeções dos analistas, que esperavam avanço de 1%. Nesta quarta-feira (2), o Ibovespa subiu 0,84% e bateu novo recorde, aos 129.346 pontos.

... a moeda brasileira se fortalece...

Embora tenha se valorizado em relação ao dólar nos últimos três meses, o real foi a sexta moeda mais depreciada no mundo em 2020, segundo levantamento da agência classificadora de risco Austin Rating. A desvalorização do real sobre o dólar e o euro também se aprofundou durante o governo Bolsonaro. Em janeiro de 2019, um dólar equivalia a R$ 3,60 e um euro, a R$ 4,10. No dia 2 de junho, data do pronunciamento, as moedas foram cotadas em R$ 5,07 e R$ 6,19, respectivamente.

e estamos avançando no difícil processo de privatizações.

A declaração é EXAGERADA, porque, ainda que o quantitativo de estatais federais tenha caído de 208 para 197 entre 2019 e o primeiro trimestre de 2020, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu sua frustração em entrevista no fim do ano passado por não ter conseguido ceder nenhuma grande empresa à iniciativa privada. Correios e Eletrobras, por exemplo, já tiveram seus projetos de privatização enviados para o Congresso, sem conclusão até o momento. No PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) foram 65 leilões realizados entre 2019 e 2020, ante 407 projetos qualificados.

A Ceagesp sob um comando honesto e responsável apresentou,

além de lucro,

A Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) fechou 2020 com prejuízo de R$ 2,69 milhões, de acordo com as demonstrações contábeis publicadas no DOU (Diário Oficial da União) em março deste ano. Embora o valor seja 75% menor que os R$ 10,7 milhões em perdas registrados no ano anterior, foi o quarto ano consecutivo de prejuízo. Em dezembro do ano passado, cálculos do departamento financeiro da estatal estimavam um lucro de R$ 400 mil — o que não se concretizou. No balanço, a Ceagesp divulgou que as enchentes e o avanço da pandemia dificultaram o funcionamento do entreposto da capital paulista, que é o maior da América Latina.

um ambiente salutar entre os permissionários e funcionários.

Essa Companhia socorreu nossos irmãos de Aparecida e Araraquara, entre outras cidades do interior de São Paulo, doando dezenas de toneladas de alimentos.

De fato, a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) doou toneladas de alimentos aos municípios do interior de São Paulo. Em março deste ano, foram enviadas cerca de 200 toneladas de frutas, legumes, verduras, peixe e produtos da cesta básica à população de Aparecida do Norte. Já em abril, a estatal doou cem toneladas de alimentos para moradores em situação de vulnerabilidade social em Araraquara. Desde o ano passado, a Ceagesp já realizou ao menos onze ações sociais semelhantes em cidades como Bauru, Araçatuba, São José dos Campos, Franca e Piracicaba.

As estatais, no passado, davam prejuízo de dezenas de bilhões de reais devido à corrupção sistêmica e generalizada. Hoje são lucrativas.

Bolsonaro acerta ao dizer que as empresas estatais já deram dezenas de bilhões de reais em prejuízo e hoje são lucrativas, mas essa virada aconteceu antes do início do seu governo, o que torna a declaração IMPRECISA. Em 2015, o conjunto de empresas sob controle direto ou indireto do governo federal teve resultado líquido negativo de R$ 32 bilhões, segundo dados do Ministério da Economia. Em 2016, ano em que o país foi presidido por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), o lucro das estatais somou R$ 4,4 bilhões. Desde então, o resultado positivo aumentou gradualmente: foi de R$ 24,9 bilhões em 2017, R$ 71,3 bilhões em 2018 e R$ 109,1 bilhões em 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro.

Nos dois primeiros anos do nosso governo, a Caixa Econômica Federal bateu recorde de lucro...

O presidente diz que mesmo com alteração dos juros de financiamento, a Caixa Econômica Federal teria registrado lucro recorde durante sua gestão. De fato, o banco registrou recorde em 2019, com R$ 22,84 bilhões de lucro em valores corrigidos pelo IPCA, o que superou os R$ 14,54 bi alcançados em 2017. A declaração é IMPRECISA, no entanto, porque a melhora no lucro da estatal não se repetiu em 2020, quando o resultado foi de R$ 13,65 bilhões, queda de 40% em relação ao ano anterior. Além disso, o resultado de 2019 foi impulsionado por fatores extraordinários, como os R$ 7,3 bilhões em venda de ativos e de participação em empresas. Desconsiderando esses fatores não recorrentes, a Caixa lucrou R$ 14,7 bilhões em 2019.

...mesmo reduzindo os juros do cheque especial, da casa própria, das micros e pequenas empresas e dos empréstimos às Santas Casas.

Estamos avançando na transposição do rio São Francisco, levando água para todo o Nordeste.

Na infraestrutura, o nosso governo tem construído pontes, duplicado rodovias,

terminando obras paradas há décadas, como a BR-163 no Pará.

A declaração é FALSA, já que as obras de pavimentação da BR-163 no Pará não estavam paradas há décadas, como alegou o presidente. As intervenções em trechos da rodovia no estado começaram em 2017, no governo de Michel Temer (MDB). Em agosto daquele ano, um termo de transferência de R$ 128,5 milhões foi assinado com o Exército para o asfaltamento de dois trechos da estrada, que somavam cem quilômetros. Em fevereiro de 2020, a gestão Bolsonaro entregou um trecho de 51 quilômetros entre Sinop (MT) e o porto de Mirituba (PA). A segunda fase das obras começou pouco depois, no trecho entre Novo Progresso (PA) e Itaituba (PA).

Ainda neste ano, será concluída a Ferrovia Norte-Sul, que ligará o Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Porto de Santos, em São Paulo, é a retomada do modal ferroviário no Brasil.

Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América.

O nosso governo joga dentro das 4 linhas da constituição, considera o direto de ir e vir, o direito ao trabalho e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis.

Todos os nossos 22 ministros consideram o bem maior de nosso povo a sua liberdade.

Que Deus abençoe o nosso Brasil.

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