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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Em dez anos, 8 vereadores foram assassinados no Rio, mas só 2 casos identificaram suspeitos

Por Ana Rita Cunha

16 de março de 2018, 23h30

Entre 2007 e 2016, oito vereadores foram vítimas de homicídio no Estado do Rio de Janeiro, segundo levantamento do Aos Fatos em bases de dados públicas. Mesmo com uma média de quase um legislador morto por ano, as investigações dos crimes são pouco efetivas e em apenas dois casos a polícia apontou suspeitos das mortes.

O levantamento feito por Aos Fatos analisou os dados mais recentes do SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) do Ministério da Saúde em que a ocupação de cargo político foi indicada no registro de óbito. Também foram incluídos na contabilidade da reportagem outros dois casos de homicídio de parlamentares divulgados pela imprensa. Os vereadores assassinados reúnem um total de 30.620 votos. Três deles eram suplentes em suas respectivas câmaras municipais.

No período analisado, não foram registrados homicídios de políticos do Poder Executivo, nem de deputados estaduais ou federais. Em 2016, não houve registro de assassinato de políticos, mas os dados do SIM para esse período ainda são preliminares e sujeitos a alterações.

Todos os vereadores foram mortos por disparos de armas de fogo. Vale enfatizar o plural, pois a maioria das vítimas analisadas morreu em atentados com uma média de oito tiros.

Apenas dois casos fogem desse padrão: o homicídio de Carlos Magaldi (PP), que morreu em uma tentativa de assalto, e o de Aires Bessa (PSDB), que morreu em um atentado em que o alvo era o seu segurança.

A idade média dos vereadores assassinados é de 48,5 anos. A maioria era branca e foi morta na cidade onde atuava politicamente.

A Baixada Fluminense foi a região onde mais morreram vereadores no estado nos últimos 10 anos: foram quatro vítimas no total. O destaque negativo da região é Magé, onde ocorreram dois assassinatos. O caso da morte de Dejair Correa (PDT), assassinado com sete tiros, está entre um dos poucos com algum avanço nas investigações. Entre os presos acusados de participação no crime, estava o ex-presidente da Câmara de Magé, Genivaldo Nogueira, o Batata.

O ano anterior às últimas eleições municipais foi especialmente perigoso para os políticos da Baixada. Entre novembro e dezembro de 2015, os vereadores Luciano Nascimento Batista (PC do B) e Nelson Gomes de Souza (PP) foram assassinados. No último período pré-eleitoral, 11 candidatos a vereador também foram assassinados. Os crimes seguem sem conclusões. Na época, a Polícia Civil investigava a possibilidade de os homicídios estarem ligados a disputa de negócios e território tanto envolvendo a milícia, quanto traficantes da região.

Rio de Janeiro, Niterói e Cabo Frio completam a lista de municípios onde vereadores foram assassinados nos últimos 10 anos.

Na última quarta-feira (14), a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi executada a tiros quando voltava para casa. Marielle foi a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016 e estava em seu primeiro mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Os nove disparos contra o carro em que estava a vereadora causaram também a morte do seu motorista, Anderson Pedro Gomes.

O assassinato da vereadora aconteceu durante a intervenção federal na cidade, medida extraordinária de segurança anunciada pelo governo federal para conter o avanço da violência no estado.

Colaborou Bárbara Libório


Este texto foi atualizado em 17.mar.2018, às 12h04, para corrigir as informações sobre o número médio de tiros nos atentados a vereadores e também para o número de assassinatos ocorridos em Magé. Também foi atualizado às 17h23 do mesmo dia para corrigir o nome de Marielle, grafado errado.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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