🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Eduardo Bolsonaro usa dado inexistente para inflar público de manifestação

Por Alexandre Aragão

1 de outubro de 2018, 20h47

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou nas redes sociais, no domingo (30), uma informação FALSA dando conta de que a Polícia Militar estimou em um milhão de pessoas o público que compareceu a um ato de apoio ao pai dele, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Na verdade, a PM paulista não divulgou estimativa e fotos do local indicam que o público foi bem menor.

A informação falsa divulgada pelo deputado, que teve 129 mil compartilhamentos em sua página no Facebook, desencadeou boatos sobre o tamanho do público que apoiou Bolsonaro no domingo e foi replicada em sites como o Conexão Política, que recebeu cerca de 5.000 compartilhamentos em diversas páginas no Facebook. No Twitter, o link foi replicado mais de dez mil vezes. Denunciado por usuários do Facebook, o conteúdo foi marcado por Aos Fatos como FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).

Confira abaixo, em detalhes, o que Aos Fatos checou.


FALSO

Segundo a PM foram 1 milhão de pessoas [em ato de apoio a Jair Bolsonaro na av. Paulista]

Eduardo Bolsonaro disse que a Polícia Militar de São Paulo estimou em um milhão de pessoas o público do ato de apoio ao pai dele, no domingo (30), que tomou parte da avenida Paulista, na região central da cidade. Questionada por Aos Fatos, a PM paulista disse, em nota, que não fez estimativas de público do evento.

“A Polícia Militar acompanha as manifestações para garantir a ordem pública e a segurança de todos os cidadãos, sejam eles participantes do protesto ou não. O objetivo da mensuração de público pela PM é eminentemente operacional e para o alocamento de efetivo, não para fins estatísticos e nem divulgação. Portanto, a instituição não fez estimativa de público para nenhuma das manifestações do fim de semana”, diz a nota.

Além disso, fotos que mostram os manifestantes vistos de cima indicam que o público real foi muito menor que um milhão de pessoas. Em 2011, a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem detalhando o método utilizado pelo Datafolha para calcular multidões. De acordo com o instituto, a lotação máxima da avenida — levando em conta seus 2,5 km de extensão — é de 1,5 milhão de pessoas.

Na foto da agência France-Presse tirada às 14h28, que aparece nesta reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, mostra o público a partir da perspectiva do edifício Baronesa de Arary, na esquina da Paulista com a rua Peixoto Gomide. O ato estava marcado para 14 horas. No momento da foto, os apoiadores de Bolsonaro ocupavam pouco mais da metade do quarteirão — cerca de 180 metros dos 2,7 km de extensão da Paulista —, espaço muito menor que o necessário para abrigar um milhão de pessoas, de acordo com o método do Datafolha.

Levando em conta que a calçada em frente ao parque Trianon, onde ocorreu o ato, possui 22 metros de comprimento, a largura da avenida Paulista de calçada a calçada naquele trecho é de aproximadamente 60 metros, segundo dados oficiais da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Ao todo, portanto, a área ocupada pelos apoiadores de Bolsonaro era de aproximadamente 10.800 metros quadrados.

Para que houvesse um milhão de pessoas nesse espaço, seria necessário que 92 pessoas se espremessem em cada metro quadrado, o que é fisicamente impossível. A título de exemplo, em horário de pico, o Metrô paulista transporta menos de um décimo disso: 8,6 passageiros por metro quadrado.

Vídeos publicados em redes sociais mostram que o público do ato começou a dispersar por volta das 16h10, quando uma forte chuva começou a cair na região da avenida Paulista e em outras partes da cidade. Naquele momento, o ato ainda ocupava apenas o quarteirão do Masp, onde não cabem um milhão de pessoas.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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