É montagem capa da revista Charlie Hebdo sobre censura do STF à Crusoé

Compartilhe

Não é real a capa da revista francesa Charlie Hebdo que traz caricaturas dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli e Alexandre de Moraes em referência à censura imposta pelos magistrados à revista Crusoé e ao site O Antagonista na semana passada. Reportagem publicada pelos veículos revelou que Toffoli teria sido citado pelo empresário Marcelo Odebrecht em e-mail com o apelido “amigo do amigo do meu pai”. A foto utilizada na montagem que circula nas redes sociais remete a uma edição de janeiro de 2015 do semanário satírico francês.

Apesar dos evidentes sinais de manipulação, a foto tem sido publicada como verdadeira por diversos perfis pessoais no Facebook e já acumulava mais de 13 mil compartilhamentos até a tarde desta segunda-feira (22). Todas as publicações com este conteúdo enganoso foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona). A peça de desinformação também foi denunciada ao Aos Fatos por leitores no WhatsApp, onde também viralizou (veja como participar).


FALSO

Deu no Charlie Hebdo: Um mar de corrupção! Não adianta mais processar ninguém, o fuxico já se espalhou pelo mundo! A não ser que o STF queira bloquear o mundo inteiro!

A capa que circula em posts nas redes sociais nunca foi publicada pela Charlie Hebdo. Segundo o site da revista francesa, a última edição, datada do dia 18 de abril, trouxe o incêndio da Catedral de Notre-Dame como tema principal e não a censura do STF (Supremo Tribunal Federal) à revista Crusoé e ao site O Antagonista no dia 15 de abril.

Além disso, a foto utilizada pelas publicações é uma montagem. Na foto original, tirada por Eric Gaillard, da Reuters, um homem lê a primeira edição da Charlie Hebdo publicada após o massacre sofrido pela redação do semanário satírico, em janeiro de 2015. Na ocasião, 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas.

Vale lembrar que o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga ofensas e informações falsas contra os magistrados da Corte, revogou a decisão de censura no dia 18.

A reportagem que foi censurada revelou documento enviado por Marcelo Odebrecht à Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato, com esclarecimentos e menções a tratativas ilícitas encontradas em seus e-mails. Uma das citações, segundo o ex-executivo, dizia respeito a um apelido dado pelo empresário a Dias Toffoli, que, na época, ainda era ministro da AGU (Advocacia-Geral da União).

O e-mail, direcionado a outros executivos da empreiteira, dizia: “Afinal vocês fecharam com o amigo do amigo de meu pai [Dias Toffoli]?". Vale ressaltar que não houve nenhuma citação a pagamentos na troca de e-mails. Odebrecht explicou que a conversa era referente às tratativas que o então diretor jurídico da empreiteira, Adriano Maia, tinha com a AGU a respeito da construção de hidrelétricas em Rondônia.

Compartilhe

Leia também

falsoCena de tornado no Paraná foi gerada por IA

Cena de tornado no Paraná foi gerada por IA

falsoFoi criada por IA gravação que mostra passagem de tornado pelo Paraná

Foi criada por IA gravação que mostra passagem de tornado pelo Paraná

O que os dados dizem sobre as metas do Acordo de Paris para conter o aquecimento global

O que os dados dizem sobre as metas do Acordo de Paris para conter o aquecimento global

fátima
Fátima