🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É montagem capa da revista Charlie Hebdo sobre censura do STF à Crusoé

Por Luiz Fernando Menezes

22 de abril de 2019, 17h29

Não é real a capa da revista francesa Charlie Hebdo que traz caricaturas dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli e Alexandre de Moraes em referência à censura imposta pelos magistrados à revista Crusoé e ao site O Antagonista na semana passada. Reportagem publicada pelos veículos revelou que Toffoli teria sido citado pelo empresário Marcelo Odebrecht em e-mail com o apelido “amigo do amigo do meu pai”. A foto utilizada na montagem que circula nas redes sociais remete a uma edição de janeiro de 2015 do semanário satírico francês.

Apesar dos evidentes sinais de manipulação, a foto tem sido publicada como verdadeira por diversos perfis pessoais no Facebook e já acumulava mais de 13 mil compartilhamentos até a tarde desta segunda-feira (22). Todas as publicações com este conteúdo enganoso foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona). A peça de desinformação também foi denunciada ao Aos Fatos por leitores no WhatsApp, onde também viralizou (veja como participar).


FALSO

Deu no Charlie Hebdo: Um mar de corrupção! Não adianta mais processar ninguém, o fuxico já se espalhou pelo mundo! A não ser que o STF queira bloquear o mundo inteiro!

A capa que circula em posts nas redes sociais nunca foi publicada pela Charlie Hebdo. Segundo o site da revista francesa, a última edição, datada do dia 18 de abril, trouxe o incêndio da Catedral de Notre-Dame como tema principal e não a censura do STF (Supremo Tribunal Federal) à revista Crusoé e ao site O Antagonista no dia 15 de abril.

Além disso, a foto utilizada pelas publicações é uma montagem. Na foto original, tirada por Eric Gaillard, da Reuters, um homem lê a primeira edição da Charlie Hebdo publicada após o massacre sofrido pela redação do semanário satírico, em janeiro de 2015. Na ocasião, 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas.

Vale lembrar que o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga ofensas e informações falsas contra os magistrados da Corte, revogou a decisão de censura no dia 18.

A reportagem que foi censurada revelou documento enviado por Marcelo Odebrecht à Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato, com esclarecimentos e menções a tratativas ilícitas encontradas em seus e-mails. Uma das citações, segundo o ex-executivo, dizia respeito a um apelido dado pelo empresário a Dias Toffoli, que, na época, ainda era ministro da AGU (Advocacia-Geral da União).

O e-mail, direcionado a outros executivos da empreiteira, dizia: “Afinal vocês fecharam com o amigo do amigo de meu pai [Dias Toffoli]?". Vale ressaltar que não houve nenhuma citação a pagamentos na troca de e-mails. Odebrecht explicou que a conversa era referente às tratativas que o então diretor jurídico da empreiteira, Adriano Maia, tinha com a AGU a respeito da construção de hidrelétricas em Rondônia.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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