Não é verdade que um vídeo mostra a cabeleireira Débora dos Santos, presa pelos atos golpistas de 8 de Janeiro, se reencontrando com sua família após ser transferida para a prisão domiciliar. Além de a gravação compartilhada pelos posts enganosos ser antiga, as pessoas que aparecem na imagem têm características físicas diferentes dos familiares de Débora.
As peças de desinformação somavam centenas de compartilhamentos no X e no Facebook até a tarde desta quarta-feira (2).
Aí está o vídeo da Débora voltando pra casa após meses como presa política por passar batom numa estátua. O abraço nos filhos me desmontou.

Posts nas redes mentem ao compartilhar um vídeo que mostra o reencontro de uma mulher com seus familiares como se fosse um registro do momento em que a cabeleireira Débora dos Santos revê os filhos após passar para a prisão domiciliar.
Por meio de busca reversa, Aos Fatos verificou que a gravação circula nas redes ao menos desde julho de 2023 — antes, portanto, da decisão da última sexta (28) do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Embora a reportagem não tenha encontrado o contexto original do registro, as pessoas que aparecem no vídeo possuem características físicas diferentes do marido e dos filhos de Débora: o homem e as crianças da gravação têm pele negra, sendo que os familiares da cabeleireira têm pele branca (veja abaixo). Além disso, Débora tem dois filhos meninos, enquanto a gravação mostra uma menina e um menino.

Presa pela PF em março de 2023 por participar dos atos de vandalismo do 8 de Janeiro em Brasília, onde foi fotografada pichando a frase “Perdeu, Mané” na estátua da Justiça, Débora foi acusada pela PGR (Procuradoria Geral da República) de cinco crimes, que podem resultar em 14 anos de prisão.
O julgamento da cabeleireira na Primeira Turma do STF foi suspenso em 24 de março após o ministro Luiz Fux pedir vista (mais prazo para analisar o processo). O placar está 2 x 0 a favor da condenação.
O caminho da apuração
Aos Fatos fez uma busca reversa e verificou que a gravação é anterior à decisão que tornou possível Débora cumprir prisão domiciliar. Comparamos também as características físicas das pessoas que aparecem no vídeo com a dos familiares da cabeleireira.



