🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Dezembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que Washington Post acusou João Doria de receber propina da Sinovac

Por Luiz Fernando Menezes

10 de dezembro de 2020, 15h23

Não é verdade que uma reportagem do jornal americano Washington Post tenha afirmado que o governador João Doria (PSDB-SP) recebeu propina da Sinovac Biotech, empresa chinesa responsável no Brasil pela produção da vacina CoronaVac com o Instituto Butantan. Por mais que a farmacêutica tenha sido acusada de subornar agentes de órgãos reguladores chineses entre 2002 e 2016, não há, em nenhum momento do texto, denúncia semelhante em relação ao tucano ou à produção do imunizante contra a Covid-19.

O vídeo, publicado pelo canal Enzuh, vem circulando principalmente no Facebook, onde acumula ao menos 1.500 compartilhamentos de páginas e perfis pessoais até a tarde desta quinta-feira (10). As publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação (entenda como funciona).


FALSO

Doria DENUNCIADO pelo Washington Post por receber PROPINA da Sinovac.

Um vídeo do canal Enzuh vem circulando nas redes sociais para sugerir que o Washington Post teria publicado uma reportagem acusando o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de receber propina da Sinovac Biotech para permitir a testagem da imunização contra a Covid-19 no Brasil. A matéria citada, no entanto, fala sobre um histórico de oferecimento de dinheiro a agentes de órgãos reguladores chineses entre 2002 e 2016, e não cita o tucano como possível favorecido.

Conforme pode ser lido no texto original, Yin Weidong, fundador e CEO da Sinovac, “admitiu ter dado mais de US$ 83 mil em subornos de 2002 a 2011 para um oficial regulador que supervisionava as análises de vacinas”. Além disso, “pelo menos 20 funcionários do governo e administradores de hospitais em cinco províncias [chinesas] admitiram em tribunal ter aceitado subornos de funcionários da Sinovac entre 2008 e 2016”.

Em nenhum momento da reportagem, no entanto, há acusação de oferecimento de propina no contexto da pandemia de Covid-19 ou ao governo do estado de São Paulo. O nome de João Doria só é citado no texto em um trecho que fala sobre a possível aprovação da imunização no Brasil:

É importante ressaltar também que as denúncias envolvendo suborno não estão ligadas à segurança das imunizações: “Não há evidência de que nenhuma das vacinas aprovadas nos casos envolvendo propinas tinham problemas”, afirma o Washington Post.

Ao Washington Post, a Sinovac Biotech afirmou que sua equipe jurídica está tratando dos casos de oferecimento de propina relatados e que mantém políticas anticorrupção duras.

Testes no Brasil. O youtuber engana ainda ao afirmar que a Sinovac estaria oferecendo dinheiro para países emergentes para “aplicar a vacina naquela população, antes mesmo de testá-las na população chinesa, como cobaias humanas”. Não há, em nenhum momento da reportagem, acusação semelhante. Como dito anteriormente, as propinas foram oferecidas a oficiais chineses.

A gravação omite ainda que a CoronaVac foi testada na China antes de vir para o Brasil. Conforme explicado pelo Aos Fatos em checagens anteriores (aqui e aqui), tanto a primeira quanto a segunda fase dos testes clínicos contaram com a participação de chineses. Além do Brasil, voluntários da Turquia e da Indonésia também participam da terceira fase de testes.

Outro lado. O Aos Fatos entrou em contato por e-mail com o youtuber na tarde desta quinta-feira (10) e a resposta foi “Flw ministro da verdade. Tome block". Pouco depois, ele publicou um vídeo em que afirma que a checagem estaria errada porque a matéria do Washington Post traria uma foto de Doria segurando a caixa da CoronaVac e que a Sinovac Biotech foi acusada de corrupção na China, elementos que não provam que a reportagem atestou o recebimento de propina pelo tucano.

O Boatos.org também checou esta informação falsa.

Referências:

1. Washington Post
2. Aos Fatos (Fontes 1 e 2)
3. Governo de São Paulo
4. Clinical Trials
5. Indonesia Registry Web Portal


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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