🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que vacinação fez número de mortes por Covid-19 neste ano superar o de 2020

Por Luiz Fernando Menezes

18 de outubro de 2021, 18h24

Não é verdade que a vacinação fez com que o número de mortes por Covid-19 neste ano superasse o de 2020, como concluem posts nas redes (veja aqui). Ainda que o volume total de óbitos seja mesmo maior em 2021, as postagens omitem que o país enfrentou uma nova onda da pandemia no início do ano, quando a imunização apenas começava, e que os dados diários demonstram redução expressiva de falecimentos com o avanço das vacinas.

A alegação enganosa circulou primeiro no Twitter, tendo sido veiculada pelo comentarista da Jovem Pan Rodrigo Constantino. No Facebook, esta peça desinformativa reunia ao menos centenas de compartilhamentos nesta segunda-feira (18).


Em 2020, sem vacinas, o Brasil não chegou a 200 mil mortes com Covid; em 2021, com mais de 100 milhões de pessoas vacinadas com 2 doses, até agora, mais de 400 mil pessoas morreram, ou seja, o dobro. Fatos, apenas fatos.

A vacinação contra Covid-19 não está relacionada ao fato de 2021 registrar mais óbitos pela doença no Brasil que 2020, como concluem as postagens checadas. Além de comparar só os números totais dos dois períodos, os posts ignoram que o país enfrentou uma nova onda da pandemia no início deste ano, quando a campanha de imunização caminhava a passos lentos, e que os dados mostram queda expressiva nos óbitos com o avanço das vacinas.

A Covid-19 é uma doença causada por um vírus que cresce exponencialmente: quanto mais infectados, maior é a transmissão e, consequentemente, a mortalidade. A bióloga Natália Pasternak, presidente do IQC (Instituto Questão de Ciência), ressalta que a vacinação no Brasil começou quando a Covid-19 estava em tendência de alta: “as vacinas desaceleram a propagação da doença antes de revertê-la. Se essa desaceleração começa em um momento onde a propagação está descontrolada, demora para vermos a reversão”.

A campanha de imunização teve início em 17 de janeiro deste ano, quando a média móvel de mortes por Covid-19 era de 961, com tendência de alta. O maior registro de óbitos foi em 8 de abril, com 4.249 mortes no país, segundo o Our World in Data. O Brasil só conseguiu alcançar 10% da população totalmente imunizada em maio de 2021.

Os dados diários de óbitos por Covid-19 no Brasil mostram que houve queda à medida que a imunização total avançou.

Para Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da USP (Universidade de São Paulo), outros fatores podem ter influenciado a curva epidemiológica da Covid-19 do início de 2021, como a flexibilização de medidas de restrição à circulação do vírus e o surgimento de variantes.

A vacina é, atualmente, a única maneira comprovadamente segura e eficaz de prevenir a Covid-19. Ela torna mais difícil o surgimento de sintomas, o agravamento da doença e reduz o risco de morte. Além disso, quando aplicada em larga escala, e somada a medidas como uso de máscara, ela diminui a circulação do vírus, o que faz com que a chance de uma pessoa ser infectada também caia consideravelmente.

Outro lado. Aos Fatos entrou em contato com Rodrigo Constantino, autor da peça de desinformação, para que ele pudesse comentar a checagem. Até a publicação deste texto, no entanto, não houve retorno.

Referências:

1. G1 (Fontes 1, 2 e 3)
2. Our World in Data
3. Aos Fatos (Fontes 1 e 2)


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