Não é verdade que, ao usar máscaras de proteção individual, uma pessoa estaria respirando gás carbônico e, consequentemente, acidificando o sangue, o que poderia levar ao surgimento de tumores malignos. Ao contrário do que sugerem peças que vêm circulando nas redes sociais (veja aqui), o Ministério da Saúde e especialistas afirmam que o equipamento permite as trocas gasosas e que não há nenhuma evidência de que cause hipercapnia.
Publicações com o conteúdo enganoso circulam principalmente no Facebook desde o final do ano passado e reuniam mais de 4.000 compartilhamentos até a tarde desta terça-feira (9). Todas as postagens foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da última rede social (entenda como funciona).
Ao contrário do que afirmam peças de desinformação que circulam nas redes sociais, não é verdade que o uso de máscaras de proteção individual cause a acidificação do sangue (hipercapnia) e que isso, consequentemente, possa levar ao desenvolvimento de tumores cancerígenos. Conforme já explicado por Aos Fatos em outras ocasiões (aqui e aqui), as máscaras não impedem a passagem do ar, apenas das gotículas que carregam o vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19.
Dessa forma, a premissa da peça de desinformação é incorreta: não é verdade que o uso do equipamento diminuiria a oxigenação ou faria com que a pessoa respirasse o gás carbônico expirado. Logo, também é falsa a afirmação de que as máscaras tornariam o sangue ácido por causa da inalação de gás carbônico.
Leonardo Weissmann, médico e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), explicou ao Aos Fatos que a máscara funciona apenas como uma barreira contra o vírus. “Ela não vai impedir a respiração, não vai diminuir a oxigenação e não vai fazer com que as pessoas acumulem gás carbônico, causando hipercapnia.”
Afirmação semelhante foi feita pelo Ministério da Saúde em resposta a uma checagem anterior: “As máscaras apresentam poros que permitem a realização das trocas gasosas”. Além disso, a orientação da pasta é a de que as pessoas utilizem o equipamento em lugares públicos e de convívio social.
Por fim, não é possível afirmar que as máscaras causem câncer em seres humanos. Em buscas em bases de estudos científicos, como a NCBI (Centro Nacional de Informação de Biotecnologia, órgão do governo dos EUA) e a BVS (Biblioteca Virtual em Saúde, ligada à Organização Mundial da Saúde), Aos Fatos não encontrou nenhum artigo que trace a relação entre o uso do equipamento e o desenvolvimento das complicações alegadas nas postagens.
Em entrevista ao Aos Fatos, Frederico Fernandes, presidente da SPPT (Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia), também descartou qualquer ligação entre o uso de máscaras e tumores malignos. Segundo ele, mesmo que as máscaras tornassem o sangue ácido - o que não acontece - ainda não haveria como traçar uma relação. “Algumas pessoas possuem acúmulo crônico de ácido no organismo por diversas doenças e não há evidências de que elas tenham maior risco de desenvolvimento de câncer”, explicou.
A AFP Checamos publicou uma checagem semelhante sobre o assunto.
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