Não é verdade que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu explicações ao Brasil sobre a recente operação realizada no Rio de Janeiro contra a facção criminosa Comando Vermelho. Em busca nas redes e em canais oficiais, Aos Fatos não encontrou registros de que o governo americano tenha feito questionamentos sobre a ação.
As peças enganosas somavam 530 mil visualizações no TikTok e 1.200 compartilhamentos no X até a tarde desta sexta-feira (31).
Ontem [28/10/2025], houve um pronunciamento aqui americano pedindo satisfação do governo brasileiro a respeito dessa situação no Rio como um todo

Posts nas redes enganam ao afirmar que Trump fez um pronunciamento na última terça (28) cobrando explicações do Brasil sobre a operação realizada no Rio contra o Comando Vermelho. Por meio de busca na imprensa e no Factbase — repositório que armazena os conteúdos publicados pelo presidente americano nas redes — Aos Fatos não localizou qualquer registro similar.
Também não foram encontrados comunicados de imprensa ou declarações oficiais nos sites da Casa Branca e do Departamento de Estado — órgão responsável pela política externa do país.
O que houve na última terça (28), na realidade, foi a emissão de um alerta pelo governo americano a cidadãos do país que estivessem no Rio de Janeiro. A orientação era que os turistas ficassem atentos às notícias e aos aplicativos de mapas de seus celulares e evitassem as áreas em que estivessem ocorrendo confrontos.
Alerta de viagem. Desde maio, o governo dos EUA tem emitido alertas aos seus cidadãos para que “exerçam maior cautela no Brasil devido ao crime e ao sequestro”. Os comunicados também orientam que as pessoas evitem certas regiões do país — como comunidades e cidades satélites de Brasília —, que apresentariam um “risco maior” de violência.
Em nota divulgada em maio, a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) repudiou os alertas. A agência afirmou que a mensagem reproduzia uma “imagem distorcida e ultrapassada” do país.
De acordo com o governo americano, o Brasil está no nível 2 em uma escala de “perigo” que vai até 4 — o mesmo de países como França, Itália e Reino Unido.
O caminho da apuração
Aos Fatos realizou buscas na imprensa nacional e internacional, além de consultas ao Factbase, repositório que reúne publicações de Donald Trump nas redes, para verificar se havia registros de declarações sobre a operação no Rio de Janeiro. Também foram analisados comunicados oficiais e notas à imprensa divulgadas pela Casa Branca e pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos.
A reportagem checou ainda os alertas de viagem disponíveis no site do governo americano e comparou as versões emitidas em diferentes datas para confirmar se havia alterações relacionadas ao episódio citado. Por fim, foram consultadas notas públicas da Embratur sobre o tema para contextualizar a política de alertas de segurança emitidos pelos EUA.




