🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que tese de doutorado de Milton Ribeiro não consta ‘em lugar nenhum’

Por Luiz Fernando Menezes

14 de julho de 2020, 18h20

Não é verdade que a tese de doutorado do recém-nomeado ministro da Educação, Milton Ribeiro, não aparece no banco de dados da USP (Universidade de São Paulo), instituição na qual ele cursou a pós-graduação, como afirmam publicações nas redes sociais. Como o trabalho foi defendido em 2006, um ano antes de a instituição passar a exigir uma versão digital de dissertações ou teses, ele não está disponível para leitura on-line, apenas presencial. O registro da pesquisa, no entanto, pode ser encontrado no antigo banco de dados bibliográficos da universidade, chamado Dedalus.

O conteúdo enganoso (veja aqui) que omite que o trabalho existe apenas em versão física foi publicado pelo site Dever de Classe. Replicada por perfis pessoais no Facebook, a desinformação acumulava ao menos 4.200 compartilhamentos até a tarde desta terça-feira (14). Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


FALSO

Tese de doutorado do pastor ministro da Educação não é encontrada em lugar nenhum

Publicações que circulam nas redes sociais afirmam que a tese de doutorado do novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, não consta em bancos de dados bibliográficos e sugerem que essa seria uma semelhança entre ele e seu antecessor, Carlos Alberto Decotelli, que não concluiu a pós-graduação. No entanto, o trabalho de Ribeiro, incluindo o resumo da pesquisa, está indexado na antiga base bibliográfica da USP (Universidade de São Paulo), onde ele fez o doutorado.

Como Ribeiro defendeu a tese em 2006, e a universidade tornou obrigatória a entrega de uma versão digital dos trabalhos apenas em 2007, ela não está disponível para leitura on-line, apenas presencial. Na plataforma Dedalus, onde a USP disponibilizava os dados de teses e dissertações defendidas até aquele ano, é possível consultar informações sobre o projeto produzido pelo ministro.

Além de constar na base, duas edições impressas da tese de Ribeiro estão disponíveis na Faculdade de Educação da USP, segundo consta no Portal de Busca Integrada da instituição:

Aos Fatos entrou em contato com a Faculdade de Educação, que confirmou que a tese se encontra na biblioteca do departamento. Segundo sua assessoria, no entanto, o trabalho não está acessível ao público atualmente porque a biblioteca se encontra fechada devido à pandemia de Covid-19.

Milton Ribeiro foi nomeado para o cargo no dia 10 de julho e é o segundo a assumir a pasta após a exoneração de Abraham Weintraub. Antes, o governo tinha optado pelo economista Carlos Alberto Decotelli, que, em razão da revelação de inconsistências em seu currículo, acabou pedindo demissão do cargo antes mesmo de ser empossado.

Origem. O site Dever de Classe, que publicou a peça de desinformação, cita como fonte um link do site Rede Brasil Atual. A publicação, no entanto, retira trechos da do texto original que indicam que a tese de Ribeiro consta na base de dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Após o contato do Aos Fatos, o site Dever de Classe fez alterações no texto para indicar que a tese não está disponível on-line mas ressaltou, em e-mail, que a marcação do selo FALSO era desonesto e que a pesquisa do ministro continua desconhecida.

Referências:

1. USP (Fontes 1, 2, 3 e 4)
2. UOL


Esta checagem foi atualizada às 9h50 do dia 15 de julho de 2020 para acrescentar que o site Dever de Classe corrigiu a informação.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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