É falso que PT doou R$ 14 bilhões do BNDES para governo de Angola

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Não é verdade que o PT doou R$ 14 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ao governo de Angola, como alegam postagens nas redes sociais (veja aqui). Nas gestões Lula e Dilma, a instituição desembolsou cerca de R$ 12 bilhões em 84 financiamentos de projetos de empresas brasileiras no país africano. Os empréstimos foram quitados definitivamente em dezembro de 2019.

Publicações com o conteúdo enganoso contabilizavam ao menos 34.400 compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (8).


Bandidos. 14 bilhões do seu dinheiro foi dado a Angola. O país que tem o mesmo presidente por 37 anos. Segundo o BNDES foi o que mais recebeu o seu dinheiro que com tanto suor conquistou

Postagens nas redes alegam que as gestões do PT teriam dado R$ 14 bilhões a Angola, o que é falso. O texto engana ao falar da natureza e do valor dos contratos firmados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Na verdade, a instituição financiou projetos de empresas brasileiras no país africano, não o governo local.

Entre 2006 e 2014, durante os governos Lula e Dilma, 84 contratos de financiamentos firmados pelo BNDES foram destinados a empresas brasileiras que exportaram bens e serviços de engenharia para Angola. Entre os contemplados pelos empréstimos estavam projetos de pontes, estradas, estruturas de saneamento básico, imóveis residenciais e usinas hidrelétricas. Todas essas dívidas haviam sido quitadas até dezembro de 2019.

Pela linha de empréstimo adotada, chamada de BNDES Exim Pós-embarque, o país estrangeiro não recebe o dinheiro, mas assume a dívida, que deve ser paga com juros, em dólar ou euro. Essa modalidade de financiamento também foi aplicada a outras 14 nações (duas africanas e 12 do continente americano), segundo a instituição.

Os contratos com Angola totalizaram US$ 3,27 bilhões, valor que não pode ser convertido com precisão para reais devido à variação cambial ao longo desses anos. Considerando a cotação do dólar em 22 de janeiro de 2019 — data em que a peça desinformativa passou a circular —, o valor seria de R$ 12 bilhões, não R$ 14 bilhões.

Aos Fatos verificou que os cinco serviços de engenharia que mais receberam recursos financiados pelo BNDES foram: aproveitamento elétrico de Laúca (cerca de US$ 650 milhões), hidrelétrica de Cambambe (cerca de US$ 330 milhões), unidades habitacionais Zango (cerca de US$ 280 milhões), via expressa Luanda-Viana (cerca de US$ 210 milhões) e saneamento básico de Luanda (cerca de US$ 145 milhões). Ao todo, foram firmados 14 contratos com as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez para esses projetos, que representam metade do valor total desembolsado pelo banco.

Investigação. O BNDES foi usado como instrumento dentro da política de fortalecimento da relação do Brasil com outros países do hemisfério Sul, mas sua atuação internacional durante o governo Lula acabou suscitando críticas e uma investigação.

O ex-presidente foi alvo de uma ação que o acusava de suposto favorecimento na liberação de uma linha de crédito que teria beneficiado a Odebrecht em Angola. Ele foi absolvido em julho de 2019, e a ação foi encerrada em setembro deste ano.

Esta peça de desinformação também foi checada pelo Estadão Verifica.

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