É falso que Porto Feliz, em São Paulo, não registra mortes por Covid-19

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Não é verdade que Porto Feliz (SP) não registrou nenhuma morte causada por Covid-19, como afirmam publicações nas redes sociais que exaltam a distribuição de kits com hidroxicloroquina e azitromicina pela prefeitura (veja aqui). Na cidade, 10 pessoas já morreram em decorrência da infecção, a primeira delas em 17 de maio, mais de um mês após a adoção dos medicamentos na cidade. O município contabiliza 415 casos da doença.

A peça de desinformação tem sido veiculada em páginas e perfis pessoais no Facebook e acumulava ao menos 1.000 compartilhamentos nesta sexta-feira (17). Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação (saiba como funciona).


Um novo herói surgiu! Parabéns, prefeito! 1.500 casos e zero entubação!!! Zero óbitos!!! Ignorado pela grande mídia, o prefeito de Porto Feliz (SP) Cássio Habice Prado, que é médico, adotou desde o início o protocolo com cloroquina e azitromicina. O kit com custo de R$ 40,00 e dos 1.500 pacientes nenhum precisou usar tudo de respiração e nenhum óbito.

É falsa a informação que circula nas redes sociais de que Porto Feliz (SP) não registra mortes por Covid-19 e que isso deveria ser creditado a um protocolo adotado na cidade por meio do qual são distribuídos kits com os remédios hidroxicloroquina e azitromicina. Até 16 de julho, 10 pessoas haviam morrido no município por conta da infecção pelo novo coronavírus. O primeiro óbito ocorreu em 17 de maio, mais de um mês após o início da distribuição dos medicamentos.

O conteúdo também erra ao citar que Porto Feliz já registrou 1.500 casos da doença: até agora, foram confirmados 415 e 175 aguardam resultados de exames. Outros 805 foram descartados. A prefeitura não informou o número de pessoas que foram entubadas, mas nos boletins epidemiológicos que divulga é possível ver que há pacientes em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

O prefeito da cidade, Cássio Habice Prado (PTB), que é médico, tem dito que o protocolo de prevenção adotado na cidade no início de abril com hidroxicloroquina, azitromicina e enoxaparina, remédio para enjoo e anti-inflamatório, seria efetivo. Entretanto, ao ser questionada por Aos Fatos sobre como esse resultado pode ser medido, a prefeitura respondeu apenas que a medicação é prescrita após a realização de exames e que há acompanhamento médico e telemonitoramento pela equipe de sentinela e da vigilância epidemiológica.

Prado foi um dos médicos participantes de uma transmissão ao vivo feita pelo jornalista Alexandre Garcia no YouTube no dia 27 de junho. Na ocasião, ele e outros seis médicos defenderam um tratamento preventivo com drogas que não têm eficácia comprovada por cientistas.

A hidroxicloroquina, por exemplo, foi descartada do projeto Recovery, maior ensaio clínico do Reino Unido, e do “Solidarity Trial” (Estudo de Solidariedade), projeto mantido pela Organização Mundial da Saúde com 21 países, por não ter apresentado resultados positivos.

Já a azitromicina age contra bactérias, não vírus, pois é um antibiótico. Médicos têm usado a substância em pacientes graves de Covid-19 que também apresentam infecções bacterianas por estarem com o sistema imunológico debilitado. A droga, associada ao difosfato de cloroquina ou sulfato de hidroxicloroquina, faz parte do protocolo recomendado pelo Ministério da Saúde para tratar pacientes com Covid-19, mas a pasta admite que ainda não há como confirmar se ela é eficaz para tratar a infecção.

A peça de desinformação também foi checada pelo Estadão, G1 e Boatos.org.

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