🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que perfurar dedos e orelhas auxilie no socorro a vítimas de AVC

Por Amanda Ribeiro

21 de agosto de 2019, 14h08

Não é verdade que, ao prestar socorro a uma vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral), é recomendável perfurar com uma agulha as pontas dos dedos das mãos e os lóbulos das orelhas da pessoa (veja aqui). De acordo com o Ministério da Saúde, não há comprovação científica de que esse procedimento funcione, e a recomendação é que, em caso de AVC, a vítima seja levada imediatamente a um hospital.

A desinformação vem sendo disseminada nas redes em formato de vídeo pelo menos desde abril de 2018 e resgata um boato antigo que circulava em correntes enviadas por email já em 2006.

Compartilhado por páginas e perfis pessoais, o vídeo já acumula cerca de 710 mil compartilhamentos no Facebook até esta quarta-feira (21). Todas as postagens com o conteúdo foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de monitoramento da rede social (veja como funciona). O material também foi enviado por leitores do Aos Fatos no WhatsApp como sugestão de checagem (inscreva-se aqui).


FALSO

Como salvar uma pessoa que sofre um derrame com uma agulha?

Um vídeo disseminado nas redes sociais afirma que é possível prestar primeiros socorros a uma vítima de AVC usando apenas uma agulha esterilizada no fogo. De acordo com as publicações, basta que sejam perfurados os dez dedos das mãos em altura próxima às unhas e os lóbulos das orelhas da pessoa. A sangria periférica aliviaria os sintomas e faria a vítima recobrar a consciência. O Ministério da Saúde, no entanto, afirma que a informação é falsa e que não há evidência científica que indique que o tratamento seja adequado.

Segundo a peça de desinformação, o procedimento deve ser feito para estabilizar o paciente e, só então, chamar o atendimento médico de urgência. O Ministério da Saúde, que desmentiu o boato em seu site, alerta que é importante encaminhar a vítima ao hospital o mais rápido possível quando aparecerem os primeiros sinais de AVC. Isso aumenta as chances de sobrevivência e diminui o risco de sequelas.

Entre os principais sintomas do AVC estão fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental; alteração da fala ou compreensão; alteração na visão (em um ou ambos os olhos); alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar; dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

O tratamento de emergência em casos de AVC é realizado no hospital com o uso de trombolíticos, medicamentos que ajudam a dissolver coágulos no sangue, principal causa dos ataques. De acordo com artigo do Instituto Cochrane, formado por pesquisadores independentes que promovem revisões de material científico, o uso de trombolíticos é mais eficiente até três horas depois do AVC. Por isso, é essencial que a vítima seja encaminhada a uma emergência o mais rápido possível.

Algumas postagens que compartilham a desinformação estabelecem uma relação entre a perfuração dos dedos e dos lóbulos e a técnica da acupuntura, prática da medicina chinesa. A acupuntura, no entanto, é indicada na reabilitação de pacientes que tenham sofrido AVCs, não na prestação de atendimento emergencial. Segundo estudos científicos, a técnica não reduz o índice de mortalidade em pacientes que sofrem um acidente vascular AVC.

É importante ressaltar que procedimentos terapêuticos da acupuntura só podem ser realizados por profissionais habilitados, de acordo com o Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura. A prática prevê a inserção de agulhas em terminações nervosas específicas, que ajudam a combater determinados sintomas.

A Revista Saúde realizou uma checagem semelhante sobre o mesmo boato.

Referências:
1. New York Times
2. Ministério da Saúde (Fontes 1 e 2)
3. Instituto Cochrane (Fontes 1 e 2)
4. Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (Fontes 1 e 2)
5. American Academy of Medical Acupuncture


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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