🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que operação da PF fez Rio excluir 1.177 mortes da estatística de Covid-19

Por Luiz Fernando Menezes

28 de maio de 2020, 14h33

Não é verdade que uma operação da PF (Polícia Federal) fez a Prefeitura do Rio revisar dados e excluir 1.177 mortes inseridas a mais na estatística oficial de Covid-19, como dizem publicações nas redes sociais (veja aqui). O número se refere à diferença entre o que município e estado informavam em 25 de maio por uma mudança na divulgação da cidade, que passou a contar sepultamentos cujo atestado de óbito registrou a infecção pelo novo coronavírus em vez da confirmação de exames solicitados nas unidades de saúde. Uma decisão judicial fez a prefeitura abandonar o método na quarta-feira (27).

Também não procede a alegação de que a mudança na divulgação do número de mortos por Covid-19 no Rio teria a ver com uma ação de policiais federais. Tanto a PF quanto a Secretaria Municipal de Saúde negaram a existência da operação citada nas postagens.

O conteúdo enganoso circula principalmente no Facebook em publicações de perfis pessoais e acumulava ao menos 10 mil compartilhamentos nesta quinta-feira (28). Os posts foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


FALSO

Ao sugerir que mortes por Covid-19 no Rio de Janeiro foram forjadas, posts distorcem e falseiam uma reportagem da GloboNews sobre uma mudança na divulgação da contagem de óbitos pela prefeitura carioca que gerou uma diferença de 1.177 registros entre os dados da capital informados pelo município e pelo estado. A discrepância não resulta de uma revisão feita a mando da Polícia Federal, mas de a Secretaria Municipal de Saúde ter decidido publicizar a contagem do número de sepultamentos em que o atestado de óbito traga a doença como causa da morte. Antes, o órgão considerava as ocorrências confirmadas por exames laboratoriais, assim como faz o governo estadual.

Posta em prática no início da semana, a mudança na divulgação dos dados foi abortada pela prefeitura na quarta-feira (27) após uma decisão liminar do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em uma ação que pedia transparência na divulgação dos dados da pandemia. Na manhã desta quinta (28), o painel do município exibia 3.135 mortes na capital, número próximo ao informado pela plataforma estadual (2.978 óbitos).

A nova base de divulgação dos óbitos por Covid-19 foi implementada após a Prefeitura do Rio ficar uma semana sem exibir os dados. No dia 25, o painel municipal passou a mostrar somente o número de mortes a partir dos registros de sepultamentos, mas informou normalmente o dado de exames confirmados à Secretaria de Estado de Saúde.

Na segunda-feira (25), a secretária municipal de Saúde, Ana Beatriz Busch, defendeu a mudança alegando que a divulgação em um só dia das mortes ocorridas em datas anteriores distorce a informação e não reflete o tempo real da pandemia na cidade.

“Hoje, quando uma pessoa falece, o cartório emite dois documentos para a família, a guia de autorização de sepultamento e a certidão de óbito. Neste momento, o cartório fica com uma cópia da guia e isso vai para a Secretaria Municipal. O dado mais fidedigno é o dado de sepultamento nos cemitérios e é esse que vamos passar a informar. Hoje sabemos quantas pessoas foram sepultadas por dia. Esse é o dado que, sem prejuízo aos outros, a gente vai passar a divulgar”, disse.

A mudança na divulgação dos dados nada teve a ver com operação da Polícia Federal. A Secretaria Municipal de Saúde negou ao Aos Fatos ter sido alvo de agentes federais, e a PF afirmou que “qualquer informação que circule nas redes sociais em nome da Polícia Federal que não tenha partido de nossos canais oficiais é de total responsabilidade de quem a divulgou”. A Agência PF, não cita qualquer ação semelhante.

Referências:

1. O Globo
2. Poder 360
3. PF
4. GloboNews
5. Conjur
6. Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
7. Secretarial de Estado de Saúde do Rio de Janeiro


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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