🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que OMS alertou que Índia e China exportam máscaras com coronavírus

Por Priscila Pacheco

27 de abril de 2020, 19h21

Não é verdade que o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, tenha alertado que máscaras de proteção fabricadas na China e na Índia estão sendo distribuídas contaminadas pelo novo coronavírus (veja aqui). O vídeo compartilhado nas redes sociais é uma montagem feita a partir de imagens de uma fala de Ghebreyesus dublada e legendada de forma enganosa. Na gravação original, exibida pela GloboNews no dia 30 de março, o executivo fala, na verdade, sobre os riscos de sistemas de saúde ficarem sobrecarregados devido à pandemia da Covid-19.

Difundida por perfis pessoais no Facebook, a peça de desinformação tinha mais de 509 mil compartilhamentos até o começo da noite desta segunda-feira (27). Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


FALSO

OMS alerta sobre máscaras infectadas que chegam ao Brasil

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, não afirmou que máscaras de proteção produzidas pela Índia e pela China estão sendo exportadas contaminadas com o novo coronavírus. Publicações que circulam nas redes sociais compartilham um vídeo com trechos de uma entrevista do executivo dublado e legendado de forma enganosa. Na verdade, Ghebreyesus falava sobre os sistemas de saúde diante à pandemia da Covid-19.

A peça de desinformação usa as imagens da entrevista transmitida pela GloboNews no dia 30 de março, como é possível observar por meio de um dos resumos do noticiário que aparece no início dos dois vídeos usados na montagem e pelo horário na tela. No entanto, a tradução simultânea feita pelo jornalista Marcelo Lins e o título “OMS atualiza informações sobre pandemia do novo coronavírus” foram adulterados.

O vídeo falso tem um minuto e apresenta uma voz diferente da de Lins na tradução, que afirma que máscaras estão contaminadas e foram fabricadas em locais sem higiene adequada. A gravação também inclui legendas e imagens de cobertura que não constam no vídeo original e que mostram pessoas fazendo máscaras cirúrgicas no chão.

Já o vídeo exibido pela GloboNews tem sete minutos da entrevista coletiva concedida por Ghebreyesus. Na ocasião, ele falou sobre o risco de sistemas de saúde ficarem sobrecarregados e as orientações sobre como fazer o atendimento de pacientes com Covid-19 e manter, ao mesmo tempo, outros atendimentos essenciais. Não há citações sobre máscaras contaminadas no trecho exibido.

O Aos Fatos questionou à OMS se houve algum alerta sobre a comercialização de máscaras fabricadas em condições insalubres. Segundo a entidade, não foram publicados avisos semelhantes sobre a compra de máscaras.

Outras versões sobre a importação de máscaras contaminadas também têm circulado nas redes sociais e já foram desmentidas pelo Aos Fatos e pelo Ministério da Saúde. Segundo a pasta, não há nenhuma evidência de que produtos enviados da China para o Brasil tragam o vírus que causa Covid-19. Além disso, o transporte das máscaras entre os países demora alguns dias, e que o vírus não sobreviveria durante a viagem.

Compra da China. O Ministério da Saúde comprou da China 240 milhões de máscaras para distribuir a profissionais da saúde que atuam na rede pública. São 200 milhões de máscaras cirúrgicas três camadas -- o que possibilita mais proteção -- e 40 milhões do tipo N95. Segundo a pasta, para cada carga ser liberada é preciso ter inspeção da autoridade chinesa e da certificação brasileira. Já para a população em geral, o Ministério da Saúde recomenda o uso de máscaras caseiras.

Em nota enviada ao Aos Fatos, o órgão disse que a primeira remessa das 240 milhões de máscaras está prevista para chegar ao Brasil nesta semana. De acordo com a pasta, não foi feita nenhuma compra de máscaras da Índia.

Referências:

1. Aos Fatos
2. Ministério da Saúde (1, 2 e 3)
3. G1 (Fontes 1 e 2)
4. O Globo
5. The New England Journal of Medicine


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.