Não é a mãe de um dos mortos em operação policial no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, a mulher que aparece em vídeo empunhando um fuzil e dançando funk, como alegam posts nas redes sociais (veja aqui). O perito audiovisual Ricardo Caires comparou as imagens a pedido do Aos Fatos e concluiu que as fisionomias não são compatíveis. Já a Polícia Civil primeiro afirmou, por telefone, que a alegação seria “fake news”, mas depois, por e-mail, disse apenas estar à disposição para iniciar uma investigação.
Posts enganosos reuniam ao menos 25.900 compartilhamentos no Facebook nesta terça-feira (11) e foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação (saiba como funciona). O conteúdo foi também amplificado por figuras públicas, como a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. As postagens dela foram apagadas na tarde desta terça.
Essa é a mãezona que estava gritando desesperada pela morte do filho na OPERAÇÃO JACAREZINHO. Apoiada pela MIDIA LIXO. OBS: Ela estava apenas segurando um GUARDA CHUVA.
É falso que Adriana Araújo, mãe de Marlon Santana de Araújo, um dos 28 mortos após operação policial na semana passada no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, seja a mulher que aparece em vídeo dançando funk e empunhando um fuzil, como tem sido alegado em posts nas redes sociais desde que ela apareceu em uma reportagem da TV Globo.
A pedido do Aos Fatos, o perito audiovisual Ricardo Caires comparou elementos do rosto das mulheres e, em parecer, concluiu que as fisionomias não são compatíveis. Foram detectadas, por exemplo, diferenças no comprimento e curvatura do nariz e da boca e também no espaçamento entre os olhos. Acesse o parecer técnico na íntegra aqui.
Após a publicação desta checagem, o UOL Confere verificou que a mulher no vídeo é Rosana do Carmo, moradora de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e que o fuzil era uma réplica de airsoft, arma que dispara bolinhas de plástico na pressão.
Adriana Araújo já negou, em entrevistas à Record TV e à Rede Globo, ser a mulher que aparece no vídeo e disse que tem recebido ameaças. Ao Aos Fatos, a família dela rechaçou a alegação das postagens e disse que faria um registro de ocorrência do caso.
Em nota enviada por e-mail na tarde desta segunda-feira (10), a Polícia Civil, responsável pela operação no Jacarezinho, não negou nem confirmou que as imagens mostrassem Araújo e disse estar à disposição dela para "realizar procedimento investigatório". Mais cedo, porém, a assessoria da corporação havia afirmado ao Aos Fatos por telefone que as alegações que circulavam nas redes sociais eram "fake news".
A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), que fez a falsa associação entre as mulheres em posts nas suas redes sociais, foi procurada por Aos Fatos na segunda-feira (10) por meio de sua assessoria, mas não respondeu até a publicação desta checagem. No fim da tarde de terça, as postagens enganosas não constavam mais nos perfis da parlamentar.
Segundo a Polícia Civil, a operação de quinta-feira (6) no Jacarezinho tinha o objetivo de cumprir 21 mandados de prisão por associação ao tráfico de drogas. Os suspeitos foram denunciados com base em fotos com armas postadas nas redes sociais. A incursão resultou em 28 mortos, entre eles um policial.