🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que Lula se apossou de faqueiro dado por Elizabeth 2ª a Costa e Silva

Por Marco Faustino

6 de abril de 2021, 16h13

Não é verdade que, ao deixar o governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levou um faqueiro de ouro que a rainha Elizabeth 2ª deu a Artur da Costa e Silva, presidente durante a ditadura militar, como afirmam posts (veja aqui). De fato, a monarca esteve no Palácio da Alvorada em 1968 para se encontrar com o general, mas não o presenteou com um jogo de talheres. A assessoria de Lula também desmentiu a alegação.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam ao menos 41.700 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (6) e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona).


Costa e Silva ganhou um faqueiro de ouro da Rainha da Inglaterra em 1968… Ele considerou o presente sendo para a Nação Brasileira… LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA mandou empacotar e o levou consigo quando deixou o palácio em 2010… Ele considerou que o faqueiro era dele.

É falso que, ao encerrar seu mandato no fim de 2010, o ex-presidente Lula (PT) empacotou e levou consigo um faqueiro de ouro que teria sido um presente dado pela rainha Elizabeth 2ª ao general Costa e Silva, que foi presidente durante o regime militar. Apesar de ter visitado o Palácio do Alvorada em novembro de 1968, a monarca britânica não presenteou o general com um jogo de talheres, mas com "uma taça de prata ovalada", como registrou na época O Estado de São Paulo. Em troca, ela ganhou "balangandãs de ouro".

A foto do faqueiro que circula com as postagens é, na realidade, de um conjunto de origem coreana banhado a ouro, que foi leiloado em 2013. A imagem foi postada originalmente no site do leiloeiro Mozart Melo em fevereiro de 2013. Aos Fatos tentou contato com a casa de leilões, mas não obteve retorno até a publicação desta checagem.

Em nota enviada ao Aos Fatos, a assessoria de Lula afirmou que as alegações não passam de mentira disseminada por grupos profissionais com objetivos políticos de divulgar “fake news” contra o ex-presidente.

Outro indício da falsidade da alegação que circula nas redes sociais é que uma busca autorizada pela Lava Jato em 2016 nos cofres mantidos por Lula no Banco do Brasil não encontrou qualquer faqueiro do tipo. Foram apreendidos 132 itens pela PF, que estavam em 23 caixas lacradas em uma agência do centro de São Paulo. Entre os objetos, foram encontradas medalhas, moedas, comendas, adagas que Lula recebeu de chefes de estado.

A operação de busca e apreensão contra o petista foi consequência de uma auditoria solicitada pelo Congresso Nacional ao TCU (Tribunal de Contas da União) em março de 2016 para investigar desvio de bens da União. Ao fim, o órgão concluiu que documentos bibliográficos e museológicos recebidos em eventos oficiais deveriam ser incorporados ao patrimônio da União.

Assim, o então juiz federal Sérgio Moro determinou o confisco de 21 itens com base em um relatório de uma comissão especial criada para analisar os objetos. Mas, entre eles, não havia qualquer faqueiro.

Esta peça de desinformação também foi checada pelo E-farsas e Estadão Verifica.

Referências:

1. Estadão (Fontes 1 e 2)
2. Web Archive
3. G1 (Fontes 1 e 2)
4. Revista Época
5. UOL


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.