Não é verdade que o plano de governo registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo ex-presidente e candidato ao cargo pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, propõe a criação de um Ministério da Verdade, o controle de gastos e do consumo da população, o fim do combate ao tráfico de drogas e estabelecer a “ideologia de gênero” nas escolas, como afirmam postagens (veja aqui). Das oito propostas listadas nas peças desinformativas, apenas a revogação do teto de gastos consta nas diretrizes do programa de governo da chapa liderada por Lula.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de compartilhamentos no Facebook e no Twitter nesta segunda-feira (26) e também circulam no WhatsApp, no qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
Já leram o plano de governo do Lula registrado no TSE?
O plano de governo registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo ex-presidente e candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, não prevê a criação de um Ministério da Verdade, o controle dos gastos da população, o controle do consumo ou a implementação da “ideologia de gênero”, como afirmam posts nas redes. Embora a campanha de Lula não tenha divulgado um texto final de plano de governo até a publicação desta checagem, as diretrizes do programa de governo da chapa do petista não incluem sete das oito medidas colocadas nas postagens.
- A primeira proposta colocada na lista é uma distorção do item 34 das diretrizes do documento do PT, que afirma que “o atual modelo bélico de combate ao tráfico será substituído por estratégias de enfrentamento e desarticulação das organizações criminosas, baseadas em conhecimento e informação, com o fortalecimento da investigação e da inteligência”. Não há menção ao “fim do combate ostensivo ao tráfico”.
- Já “ideologia de gênero”, segundo item citado na peça desinformativa, é uma teoria conspiratória cujo objetivo é impedir debates sobre igualdade de gênero e sexualidade nas escolas, e não aparece no documento registrado no TSE.
- O terceiro item é o único que de fato consta nas diretrizes petistas, no item 51. “Vamos recolocar os pobres e os trabalhadores no orçamento. Para isso, é preciso revogar o teto de gastos e rever o atual regime fiscal brasileiro, atualmente disfuncional e sem credibilidade”, diz o texto. A equipe da campanha de Lula defende a aprovação de um novo regime fiscal.
- A quarta proposta, que seria a criação de um “Ministério da Verdade”, não consta no documento. No item 9, o programa afirma que a chapa tem o compromisso de garantir “o direito à vida, à liberdade, à memória e à verdade”, mas não propõe uma pasta para isso.
- Também não há menções ao controle das redes sociais, colocada no quinto item da peça desinformativa.
- Já os bancos públicos aparecem no item 60, com uma proposta de usá-los para renegociar dívidas, e no item 81, com uma proposta de fortalecimento dessas instituições financeiras para o desenvolvimento econômico, mas não há citação a mecanismos de “controle (…) com influência direta”, como diz a peça desinformativa.
- “Controle de gastos da população” não aparece em nenhum momento do documento. A peça provavelmente faz referência a uma declaração do ex-presidente feita em abril deste ano. Durante um evento em São Paulo, Lula disse que a classe média brasileira “ostenta um padrão de vida acima do necessário”. A campanha, no entanto, negou que o governo pretenda limitar as compras dos brasileiros.
- Por fim, o item que fala em “taxar em cima do consumo” é uma interpretação oposta ao que é colocado no item 53, em que é proposta uma reforma para reduzir a tributação do consumo.
Contatada pelo Aos Fatos, a assessoria de imprensa do petista disse que “nada dessa fake news corresponde ao plano real de governo da chapa Lula–Alckmin”.
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